Além da exorbitância de dinheiro, todos esses gastos trazem reflexos diretos para o meio ambiente. Segundo a mesma publicação, uma equipe de ponta chega a gastar cerca de 200 mil litros de gasolina durante um ano de competições, e anda aproximadamente de 300 mil quilômetros. Isso dá uma média de 0,6666 litros por quilômetro rodado, até 15 vezes mais do que a média de consumo de um carro popular, que fica perto de 10 litros por quilômetro rodado.
De acordo com um estudo realizado por um grupo de ONGS francesas, cada litros de gasolina libera 2,3 quilos de CO2 na atmosfera. Isso significa que, por ano, um carro de Fórmula 1 emite 460 mil quilos de CO2, contra 30.666 quilos de CO2 dos carros convencionais.
Outro item muito utilizado nos esportes a motor são os pneus. Segundo a revista Business F1, cada equipe utiliza quatro mil pneus ao longo de um ano. Em um carro normal é recomendado pelos fabricantes à troca dos pneus a cada dois ou três anos, ou seja, quatro pneus a cada dois anos. O que representa 20 mil vezes mais pneus para a Fórmula 1 a cada ano.
Em um mundo cada vez mais tomado por ONGs e pessoas conscientes de suas responsabilidades com a sustentabilidade do meio ambiente, os esportes a motor parecem que estão fadados ao fracasso. Mas o que se vê é muito diferente. Para o piloto e comentarista Carlos Fonseca, apesar do alto impacto ambiental o automobilismo sempre vai existir. “Apesar da poluição, existem muitos interesses envolvidos. Indústrias de combustíveis e peças para os carros ganham rios de dinheiro com as corridas automobilísticas. Elas têm muita influência e poucos vão querer mexer com os poderosos”, frisa.
A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) demonstra certa preocupação com essas questões ambientais. Algumas fornecedoras de combustível para a Fórmula 1 já misturam 5% de etanol à gasolina usada nas provas, com projeto para aumentar para 11%. A FIA iniciou campanha denominada “Make Cars Green” (Torne seu carro verde) para mostrar as pessoas como reduzir a poluição de seus carros.
O ambientalista Ricardo Moreira considera as iniciativas da FIA como uma tentativa de desviar o foco do que ela mesma faz. “Na verdade, isso tudo é história ‘para boi dormir’. Como uma entidade pode pedir às pessoas para reduzirem, por exemplo, o consumo de combustível quando ela mesma promove um desperdício de recursos apenas para a diversão de um pequeno número de pessoas”, questiona.
O presidente da Federação de Automobilismo de São Paulo, Rubens Antonio Carpinelli, por meio de sua assessoria de imprensa, confessou não existir projeto que vise à redução dos impactos ambientais causados pelo esporte a motor. Mas não falou se há preocupação na redução desses problemas e nem se a federação considera importante desenvolver projeto nesse sentido.