Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Novos escritores sentem dificuldades em publicar o primeiro livro


Por Carolina Marialva

Com o sucesso de best-sellers, principalmente os de ficção, como Crepúsculo e O Código Da Vinci, que levam seus autores ao reconhecimento e popularidade, e, em alguns casos à se tornarem milionários – como JK Rowling, a criadora de Harry Potter - muitos aspirantes a escritores ficam maravilhados diante destas possibilidades e se inspiram a escrever e a lançar seu primeiro livro. Porém, quem vai com muito entusiasmo pode se desiludir na hora de encontrar uma editora para publicar.

O produtor cultural e escritor novato Felipe Tazzo passou pelo sufoco de ver seu primeiro título nas livrarias. “Quando moleque eu tinha ilusões de que fosse contratado por uma editora e eles lidariam com a burocracia, as vendas. Eu ficaria rico como o Paulo Coelho e seria assediado na rua pelas fãs”, conta. Porém, quando enviou os primeiros manuscritos Tazzo sentiu-se frustrado com as respostas, e com a falta delas também. Cansado de esperar, ele decidiu inscrever o projeto de seu livro no Fundo de Investimentos Culturais de Campinas e conseguiu a verba para publicar sua primeira obra O Livro das Coisas que acontecem por aí.

Felipe Tazzo se prepara para lançar o segundo livro

A exemplo de Tazzo, os escritores não precisam ficar anos esperando a resposta de uma editora, há outros meios para se publicar um livro. Existem dois tipos de editoras, as comerciais, como são chamadas as grandes, mais conhecidas, como a Companhia das Letras, a Papirus, a Rocco etc. E a edição do autor, o qual depois de terminar sua obra paga para a produção sair no mercado. Este é um processo rápido e fácil, mas que exige um investimento por parte do próprio autor que varia de acordo com o projeto gráfico. Este tipo de editora segue um cronograma mais flexível, de acordo com as necessidades do autor, diferentemente das editoras comerciais, que possuem um planejamento próprio e segue um cronograma para a escolha das obras que serão publicadas.

O primeiro livro de Tazzo


Segundo a jornalista Cyntia Belgini, que está há oito anos trabalhando no mercado editorial, publicar um livro é um processo demorado que envolve uma série de etapas. O primeiro passo, aponta, é pensar na linha editorial da editora, se combina com a linha editorial do livro a ser publicado. “Se eu tenho um livro sobre educação, eu tenho que mandar para uma editora que publique livros de educação. Não adianta eu ter um livro voltado para o mercado educacional e mandar pra quem publica romance”, avisa ao salienta que esta é a primeira etapa para a exclusão por parte da editora.

A jornalista Cyntia Belgini está há 8 anos no mercado editorial


Aceito pela editora, o livro é avaliado por um conselho editorial. Os critérios envolvem o sumário, os organizadores, se há unidade editorial. Depois, o material passa por um parecerista, alguém especializado na área e que vai dizer se o livro merece ser publicado. Se passar por estas etapas, aí sim a obra pode ser aceita pela editora e assim entra em um cronograma de produção, que envolve revisão e diagramação. Depois vem a fase do projeto gráfico, a confecção da capa, do design do livro e, por fim, a assessoria de comunicação, ou o marketing, para fazer a divulgação e preparar o lançamento antes de ir para as livrarias.

Na avaliação de Cyntia, há “muita recusa por parte das editoras” e muitos escritores se sentem mal ao receber a mensagem de que sua obra não foi aceita. Como aconteceu com o escritor José Oliveira, até conseguir lançar o livro O Réu dos Sonhos. “Uma editora recusou o livro depois de 21 dias alegando que não se enquadrava na linha editorial deles. Mas não leram o original. Sei disso porque coloquei um pingo de cola a cada 10 páginas no rodapé, e eles estavam intactos. Se tivessem lido, haveria o rompimento da cola. Me senti muito mal em saber que essas pessoas brincam com os sonhos de outras,”lamenta.


José Oliveira mostra orgulhoso seu livro publicado depois de muito sufoco


É raro um livro ser escolhido na primeira vez que o autor o envia, pois além do custo, há o risco do livro não dar certo no mercado. Se houver um feedback negativo, dificilmente o autor da obra terá um novo livro publicado. Deste modo, ultimamente, as grandes editoras preferem traduzir obras estrangeiras que já possuem algum sucesso, a investir em uma nova produção nacional.
De acordo com o dono de uma filial da FTD, Rivail Alves, as editoras trabalham com uma programação pré-estabelecida em torno de dois a quatro anos que envolvem temas, faixa etária, literatura infanto e ou juvenil, adulta. “Os originais que chegam para análise devem estar dentro desta programação, senão serão recusados”, alega.


Por isso cada vez mais os aspirantes a escritores tem procurado investir dinheiro do próprio bolso com a edição do autor. “Meu primeiro livro publicado foi em parceria com a editora. Eu banquei 1/3 do valor”, revela Nelson Magrini, que hoje possui três livros publicados, todos de ficção, Anjo a Face do mal, Os guardiões do tempo e Relâmpagos de sangue, além de ter participação em uma coletânea de contos, Amor vampiro. Ele conta que enviou seu primeiro livro para várias editoras e todas recusaram. “Uma minoria mandava um e-mail padrão com a recusa, algumas outras por carta; a maioria simplesmente não falava nada”, lembra.


Mesmo com as recusas, Magrini não desistiu. “Eu estava muito ‘pé no chão’ e sabia que era muito difícil emplacar um livro no Brasil”, fala. Ele descobriu a editora Novo Século por meio do livro de André Vianco, Os Sete, que fazia sucesso. Assim, ficou amigo do escritor e decidiu que queria publicar naquela editora, por ser a única a dar chance para um autor nacional. Porém, como a Novo Século também é prestadora de serviços, cobrou para publicar.



Nelson Magrini em noite de autógrafos


Esta opção, de bancar a obra, está cada vez mais comum devido às dificuldades de se publicar em uma editora de grande porte. Neste caso, além dos custos, o próprio autor tem que comercializar seu livro, divulgá-lo e oferecer para as livrarias..O processo é facilitado com a internet, como afirma Cyntia. “Tem várias formas hoje twitter, orkut, blogs, google books. Estas ferramentas possibilitam que você divulgue trechos, resumos e faça uma publicidade gratuita,”diz. Apesar do trabalho, a edição do autor tem a vantagem de poder gerar um retorno financeiro de todo o investimento e ainda os direitos autorais ficam exclusivamente com ele. “Se você manda para uma editora que paga a sua produção, geralmente, 90% do direito autoral fica com o editor, o autor fica apenas com 10% de cada livro vendido,” esclarece Cyntia.

Oliveira: um sonho em papel

Segundo a jornalista, vender livro no país nunca foi fácil e hoje em dia tem sido uma “guerra” entre as editoras, que estão cada vez mais contendo gastos. “A gente tem um numero baixo de leitores e o preço do livro é caro. Então tudo isso faz com que o mercado não seja muito promissor para o autor”, completa. Mas ela aconselha os novos escritores a não desistir e sim a ter paciência e a pesquisar as editoras para enviar seu trabalho e até mesmo a investir na edição do autor.



Magrini e fã no lançamento de seu último livro, Os Guardiões do tempo

Apesar das dificuldades aqueles que se arriscaram e persistiram hoje não se arrependem. “Nunca pensei em desistir”, comenta Nelson Magrini “Eu mal acabei de escrever meu primeiro livro e enviar o original, comecei a escrever o segundo”. José Oliveira tem a mesma opinião: “Nesse meio, tudo é demorado, estou ciente de que é difícil entrar e muito mais difícil se manter, mas desistir, jamais”, pondera. Para ele, a maior satisfação de um escritor é ver seu livro nas prateleiras, concorrer a prêmios, ser convidado para noites de autógrafos, dar entrevista e ser reconhecido pelos fãs. “Ser escritor era um grande sonho, me manter nessa jornada é o grande desafio. E o que mais me motiva hoje é receber e-mail de leitores sobre meu trabalho”, conclui.

Ouça a entrevista completa com Cyntia Belgini


3 comentários:

Luma disse...

Também escrevo livros e uma dica legal, para quem tá começando e não vê a hora de ver seu projeto é publicar on line.
A vantagem?
A rapidez e a praticidade.
A desvantagem? O auto custo para o leitor. um livro sai em torno de R$ 40 a 50 reais sem direitos autorais!

Carolina Estrella disse...

Adorei a postagem. Eu sou escritora nacional há dois anos e comecei publicando independente sem editora alguma. Deu muito trabalho, mas consegui vender bastante. Só que senti falta do apoio de uma editora e mais ainda de uma distribuidora!
Acho que a literatura nacional tem espaço para todo mundo, mas os novos escritores tem que batalhar!
Ah, só corrigindo. A editora não fica com 90% dos direitos. A Liv fica com 40-50% + x% da distribuidora. A editora fica com no máximo 40%.

bjos

Unknown disse...

Este é o meu grande sonho,lançar o meu primeiro livro.Estou terminando de escrever um livro e nunca mostrei a ninguem,até porque não sei nem por onde começar,não tenho experiência,nenhum amigo escritor,não tenho conhecimento de absolutamente nada, de como proceder,enfim,estou prescisando de uma forcinha,rsrsrs...
Se alguem puder me dar alguma sugestão vou aceitar de coração.bjss...