Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Combustível usado pela Fórmula 1 polui 15 vezes mais

Esporte para poucos, corridas automobilísticas poluem o meio ambiente de toda população

Guilherme Dorigatti


Cada volta que um carro de Fórmula 1 dá custa cerca de 2,5 mil euros, sem contar os salários dos pilotos. A média de gasto em um fim de semana de corrida é de 21,5 milhões de euros. Todo esse dinheiro é gasto em combustível, pneus, chassis, motores, freios etc. Esses números foram calculados em uma pesquisa feita pela revista britânica Business F1.
Além da exorbitância de dinheiro, todos esses gastos trazem reflexos diretos para o meio ambiente. Segundo a mesma publicação, uma equipe de ponta chega a gastar cerca de 200 mil litros de gasolina durante um ano de competições, e anda aproximadamente de 300 mil quilômetros. Isso dá uma média de 0,6666 litros por quilômetro rodado, até 15 vezes mais do que a média de consumo de um carro popular, que fica perto de 10 litros por quilômetro rodado.
De acordo com um estudo realizado por um grupo de ONGS francesas, cada litros de gasolina libera 2,3 quilos de CO2 na atmosfera. Isso significa que, por ano, um carro de Fórmula 1 emite 460 mil quilos de CO2, contra 30.666 quilos de CO2 dos carros convencionais.
Outro item muito utilizado nos esportes a motor são os pneus. Segundo a revista Business F1, cada equipe utiliza quatro mil pneus ao longo de um ano. Em um carro normal é recomendado pelos fabricantes à troca dos pneus a cada dois ou três anos, ou seja, quatro pneus a cada dois anos. O que representa 20 mil vezes mais pneus para a Fórmula 1 a cada ano.
Em um mundo cada vez mais tomado por ONGs e pessoas conscientes de suas responsabilidades com a sustentabilidade do meio ambiente, os esportes a motor parecem que estão fadados ao fracasso. Mas o que se vê é muito diferente. Para o piloto e comentarista Carlos Fonseca, apesar do alto impacto ambiental o automobilismo sempre vai existir. “Apesar da poluição, existem muitos interesses envolvidos. Indústrias de combustíveis e peças para os carros ganham rios de dinheiro com as corridas automobilísticas. Elas têm muita influência e poucos vão querer mexer com os poderosos”, frisa.
A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) demonstra certa preocupação com essas questões ambientais. Algumas fornecedoras de combustível para a Fórmula 1 já misturam 5% de etanol à gasolina usada nas provas, com projeto para aumentar para 11%. A FIA iniciou campanha denominada “Make Cars Green” (Torne seu carro verde) para mostrar as pessoas como reduzir a poluição de seus carros.
O ambientalista Ricardo Moreira considera as iniciativas da FIA como uma tentativa de desviar o foco do que ela mesma faz. “Na verdade, isso tudo é história ‘para boi dormir’. Como uma entidade pode pedir às pessoas para reduzirem, por exemplo, o consumo de combustível quando ela mesma promove um desperdício de recursos apenas para a diversão de um pequeno número de pessoas”, questiona.
O presidente da Federação de Automobilismo de São Paulo, Rubens Antonio Carpinelli, por meio de sua assessoria de imprensa, confessou não existir projeto que vise à redução dos impactos ambientais causados pelo esporte a motor. Mas não falou se há preocupação na redução desses problemas e nem se a federação considera importante desenvolver projeto nesse sentido.
Pneus com faixas verdes: marca registrada da campanha “Make Cars Green” da FIA

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Toyota produz carro elétrico

Tomaz Paiola

A Toyota trará ao mercado brasileiro em 2011 seu carro híbrido mais vendido no mercado internacional, o Toyota Prius, versão Plug-in. Apresentado no Salão do Automóvel em São Paulo, realizado entre 27 de outubro a 07 de novembro, o diferencial do modelo é a possibilidade de recarregar as baterias em uma tomada qualquer.
Isto só é possível porque as baterias usadas são de íon lítio, que permite tamanhos menores e que se recarregam de forma mais rápida que as demais. Se o veículo for carregado em uma fonte de energia 110 volts, serão necessárias apenas três horas para ‘abastecer’ o carro. O tempo cai para uma hora e quarenta minutos se a alimentação acontecer numa fonte de 220 volts.
Com este tipo de recarga, o veículo pode rodar apenas 21 quilômetros, a uma velocidade máxima de 96 km/h. Se for preciso fazer viagens a longa distância, o carro é automaticamente revertido para o modelo com o motor a gasolina.
De acordo com a pesquisa realizada no mercado europeu, solicitada pela Toyota, para deslocamentos urbanos, a maior parte da população não circula pela cidade mais do que 20 quilômetros. Por isso, o carro poderia ser utilizado na maior parte do tempo no seu modo elétrico.
O modelo será produzido no México e exportado para o Brasil. No mercado norte-americano o veículo é vendido a 22,8 mil dólares chegando a 28.070 mil dólares. Provavelmente, em território nacional o valor irá variar de 70 a 80 mil reais. Na versão a gasolina, o carro da Toyota disputaria o mercado com o Citröen C4, Chevrolet Vectra GT, Ford Focus, Peugeot 307 e Volkswagen Golf.



Ficha Técnica
Carro: Toyota PriusVersões: Plug-in
Tipo: Hatchback híbrido
Motor: Elétrico/Gasolina
Cilindrada: 1.7 litros
Potência: 178 cv (conjugada elétrico e gasolina)

É na escola que se aprende ecologia

Alunos coletam mais de 300 quilos de resíduos para reciclagem

Francisco Valle

É muito comum encontrar escolas e instituições que realizam gincanas para arrecadar alimentos, outros produtos ou até elevar a produção de determinada empresa. Em uma escola de Bragança Paulista essa ideia foi adaptada e pretende ajudar a preservação ambiental e conscientização dos alunos.

O colégio Guimarães Rosa/Integral criou um campeonato estudantil com o tema “reciclagem”. As turmas são divididas no decorrer da semana para arrecadar bolsões com lixo selecionado, sendo os materiais de papel, vidro ou plástico. Com o slogan “Participe. Você é o meio, você é o ambiente!”, competem, até dezembro de 2010, os alunos desde a pré-escola até o 7º ano.

O projeto foi montado em parceria com a Cooperativa Recicle Bragança, pioneira na campanha de coleta seletiva na cidade. Segundo Emilio Damascena, presidente da cooperativa, os alunos chegam a coletar 300 quilos de resíduos para reciclagem a cada período, o que ajuda na limpeza das ruas e expande a conscientização. “O trabalho tem dado bons resultados. A quantidade de lixo retirado do ambiente público é expressivo e nossas metas são ainda maiores”.

O diretor da escola, Roberto Barbosa, diz que as crianças gostaram do projeto e garante que o interesse delas pela atividade vai além do boletim. “Os alunos se esforçam para conseguir coletar o máximo de lixo possível, pois a turma vencedora será escolhida como representante verde do colégio, podendo levar a idéia à outros locais. Elas deixam de lado a ideia de apenas realizar o trabalho para conseguir nota, mas querem se destacar como pequenos embaixadores da preservação”, compara.

Os alunos também aprovaram a iniciativa. Segundo Mariana Abreu, do sexto período, a gincana é uma forma de aprender e ajudar o planeta, mesmo que de uma forma simples. “Se cada um fizer a sua parte, quem ganha é a natureza”, declarou a garota.



terça-feira, 16 de novembro de 2010

Professor de fisiologia e biofísica da Unicamp combate queimadas

Número de queimadas aumenta 71 % em todo o Estado de São Paulo

Ana Carolina P. Aguilar


O professor em uma de suas ações na Rodovia D.Pedro I, em Campinas

Em Campinas, durante o mês de agosto, foi registrado um número três vezes maior de queimadas em relação ao mesmo mês do ano passado. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inep), em 2009, foram registrados nove focos de incêndio contra 28 em 2010. Porém, esse número não cresceu apenas na região de Campinas, mas em todo o Estado de São Paulo: no período de janeiro a agosto, os focos aumentaram 71%.
Quem sofre mais com o problema das queimadas é o meio ambiente e a saúde. Queimadas podem causar problemas respiratórios, além de atingir as condições de tempo, trazendo assim a variação de temperatura e prejuízos na agricultura. Tendo isso em mente, o professor de fisiologia e biofísica, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Edson Delattre, ganhou o apelido de ‘Doutor Queimada’ por apagar as queimadas que encontra pela frente com um galão de 20 litros, que carrega em seu carro. “É uma ação baseada em uma intuição anarquista, não tem organização. Eu me identifico nos últimos anos como ING, indivíduo não governamental”, diz.
Edson Delattre iniciou essa prática quando estudou o quanto a fumaça faz mal a saúde e também, pelo fato de sua filha e sua ex-mulher sofrerem de asma. Doença agravada com a fumaça emitida nas queimadas. O professor distribui panfletos e tem como objetivo incentivar a prática voluntária das pessoas.
Segundo ele, no Brasil, é necessário que haja pessoas que façam o país melhorar e finaliza: “você precisa ter um ancinho na mão, um tridente na outra e um fórceps entre os dentes para sair na batalha”.
O professor luta contra a prática das pessoas de incendiar lixos, terrenos, folhas e madeiras há 11 anos. E diz que nunca viu ninguém ser preso por promover queimadas. “Isso é crime”, frisa..
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 2 a 3,5 milhões de pessoas morrem intoxicadas por fumaça no mundo. No Brasil, o número é de 4 mil anualmente.
Para conhecer melhor o trabalho e o grupo de voluntariados que acompanha o professor Edson Delattre é só entrar no site: http://www.queimadasurbanas.bmd.br/


Em busca de uma cidade mais verde

Parques e reserva lutam, através de preservação e cuidado, para que Campinas, que hoje tem menos da metade do índice de área verde indicado pela ONU, reverta o quadro.

Juliana dos Santos


Campinas ainda está distante do índice ideal para oferecer qualidade de vida à população. Em março deste ano, o Inventário Florestal de São Paulo divulgou que a área verde da Região Metropolitana de Campinas (RMC) cresceu 134%, o equivalente a 20 mil hectares. Mas esse índice não chega à metade do mínimo exigido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que é 12 metros quadrados por habitante, para que haja equilíbrio entre oxigênio e gás carbônico.
Na busca para reverter esse quadro, a cidade tem espaços verdes. Entre as várias opções está à mata Santa Genebra, reserva florestal doada à cidade em 14 de julho de 1981 pela família Oliveira, resquício de Mata Atlântica, composto por 660 espécies vegetais e 885 espécies animais, numa área de 251 hectares. “Essa abundância é justificada pela biodiversidade existente na reserva”, explica a bióloga Patrícia Lia Santarosa. O viveiro conta atualmente com mais de três mil mudas de espécies nativas e o projeto de reflorestamento desenvolvido tem por meta a recuperação das áreas degradadas.
Outro lugar que colabora para a extensão da área verde na cidade é a Lagoa do Taquaral,com cerca de 650 mil metros quadrados de extensão, considerada o Centro de Lazer e Esporte mais importante da cidade. O local chega a receber no verão 50 mil visitantes em um final de semana, onde é possível encontrar atletas, famílias e alguns eventos esportivos, culturais e musicais.
De acordo com o diretor do Departamento de Parques e Jardins (DPJ), Ronaldo de Souza, todo o espaço requer cuidados da Prefeitura e o Departamento de Parques e Jardins realiza diversas atividades para a manutenção. Entre elas está a poda de árvores, plantio de novas mudas e conservação geral de todo o parque.


Mata Santa Genebra lugar onde a preservação colabora para alcançar o índice ideal da ONU

O empresário Roberto Costa é uma dessas pessoas que, aos finais de semana, vai ao parque com sua família. “O parque é um lugar onde realmente eu e minha família conseguimos estar em contato com a natureza. E a conservação desse espaço é muito importante para alcançar o índice ideal da ONU”.
O Bosque dos Jequitibás é outra área verde da cidade, com diversas opções de lazer para os seus visitantes e recebendo, em média, um milhão de visitantes por ano. Por ser um local arborizado, tendo cerca de dois alqueires de mata florestal, requer cuidados e manutenção constante do departamento de parques e jardins de Campinas. “Atualmente, vários outros parques estão sendo criados na cidade. A meta é reverter esse quadro e atingir a diretriz da ONU”, finaliza o diretor do Departamento de parques e jardins de Campinas, Ronaldo de Souza.

Telhados brancos podem reduzir temperatura do planeta

Pedro Leão

Você sabia que em Campinas existe uma lei que incentiva a pintura e troca dos telhados das casas pela cor branca? É é a lei 13.894, sancionada pelo prefeito Hélio de Oliveira Santos, em julho deste ano.
A lei tem como objetivo diminuir o aquecimento global. Segundo a ONG Green Building Council Brasil, com a pintura dos telhados de branco, haverá uma redução no gasto com energia para o resfriamento dos imóveis por refletir mais luz solar e absorver menos calor, pois a maioria é escuro e reflete apenas 20% da luz solar.
A ONG afirma que as áreas urbanas, chamadas de ilhas de calor, apresentam cerca de 1 a 6°C a mais do que as regiões rurais. Isso é resultado da retenção de radiação da luz solar pelos edifícios e o calor gerado pelo uso de energia elétrica.
Com o aglomerado de pessoas, a cidade de Campinas se encaixa no perfil de “ilha de calor”, o que fez o vereador Zé do Gelo (PV), propor a lei na Câmara Municipal. “Vimos que Campinas também poderia contribuir para minimizar os efeitos do aquecimento global”, afirma o vereador.
O vereador se baseou em estudos de pesquisadores da Lawrence Berklay National Laboratory, da Califórnia, nos Estados Unidos. Segundo as pesquisas, dez edifícios da cidade da Flórida foram monitorados, e revelou que o uso de telhados frios poupa, para moradores e proprietários, de 20 a 70% do uso anual de energia de resfriamento, ou seja a diminuição do uso de equipamentos como ar condicionado.



Pintar o telhado de branco reflete de 80 a 90% da luz solar incidente

Em Campinas, casas em condomínios fechados do bairro Gramado, fizeram o teste e pintaram seus telhados de branco. A arquiteta, Lígia Chiaramonte, foi uma das que aderiram a iniciativa. “Fiquei sabendo dessa pesquisa através de colegas de profissão e de revistas especializadas em arquitetura. Com toda essa preocupação e moda de ‘casa sustentável’, resolvi tentar”, conta.
Para a arquiteta Chiaramonte, o ideal seria a troca dos telhados convencionais, pelos da cor branca. “O problema do telhado pintado é justamente a tinta que se descasca. A pintura ajuda no começo, mas depois de um ano tem que repintar. Enquanto o telhado branco basta uma limpeza a cada três ou cinco anos”, explica.
Segundo Chiaramonte, que pintou sua casa no começo do ano, os resultados já foram percebidos. “Já tive uma pequena redução na conta, mas acredito que com o horário de verão, a tendência é acentuar os resultados”, analisa.
Mas com estudos comprovados e a lei aprovada, porque o assunto é tão pouco divulgado? De acordo com o vereador Zé do Gelo, a lei foi aprovada como um incentivo e não pervê nenhum tipo de
Abono tributário ou subsídio por parte da prefeitura. “Aprovamos como uma forma de campanha, a lei não é obrigatória, depende de divulgação”, afirma.
Para a divulgação da campanha é preciso parcerias com a iniciativa privada. “Nós montamos uma cartilha para que pudéssemos divulgar nas escolas. A prefeitura se comprometeu a disponibilizar agentes que divulguem a lei, mas ainda temos que encontrar parceiros que banquem o custo da cartilha”, diz o vereador.

Cemitérios oferecem risco à saúde e ao meio ambiente

O necrochorume, líquido liberado com decomposição do cadáver, contamina lençóis freáticos

Paula M. Guerreiro
Mesmo depois de mortos, os seres humanos ainda podem poluir o meio ambiente. Nos cemitérios onde não há mecanismos de proteção ambiental, o líquido liberado pela decomposição do corpo humano, chamado necrochorume, contamina o solo e os lençóis freáticos, podendo transmitir doenças como hepatite A, tuberculose e escarlatina.
Apesar dessa ameaça, que atinge principalmente pessoas de baixa renda que fazem uso de poços clandestinos, cemitérios públicos e particulares ainda ignoram a gravidade do problema. Essa é a conclusão a que chegou o hidrogeólogo Leziro Marques Silva, que nos últimos 35 anos pesquisou mais de 900 cemitérios no Brasil e no exterior. “Desse universo de cemitérios pesquisados, de todos os municipais, 75% apresentam problemas de ordem tanto ambiental quanto sanitária”, afirma.
O pesquisador explica como o cadáver humano pode representar risco à saúde dos vivos. “Porque o necrochorume é vertido pela matéria orgânica em decomposição, ele é rico em nutrientes que proliferam uma assembleia de vírus e bactérias, inclusive as bactérias patogênicas, que são as causadoras da maior parte dos óbitos. Se esse necrochorume escapa do túmulo, entra na circulação do lençol freático. Se no meio do caminho desse lençol freático, existe um poço escavado, uma captação, uma fonte, uma pessoa que inadvertidamente consuma essa água, e se ela estiver com a imunidade natural baixa, ela pode ser acometida por uma dessas doenças infecto-contagiosas”, explica Silva.

Fiscalização - A irregularidade dos cemitérios em todo o país deve ser sanada logo. Faltam dois meses para chegar o prazo determinado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), do Ministério do Meio Ambiente, para que todos os órgãos estaduais e municipais de meio ambiente estabeleçam critérios para adequação dos cemitérios existentes desde abril de 2003, de quanto data o primeiro texto da resolução.
Até dezembro deste ano, os cemitérios terão que adotar medidas que garantam um sepultamento ecologicamente correto, além de se comprometerem a reverter a contaminação que já tenha sido causada. Caso contrário, correm o risco de serem lacrados.

Cemitério de Cosmópolis, que foi o primeiro da RMC a adotar um mecanismo de proteção ambiental

Solução possível - Cosmópolis foi o primeiro município da Região Metropolitana de Campinas (RMC) a adotar um mecanismo de proteção ao meio ambiente e à saúde. Desde abril deste ano, todos os cadáveres enterrados no cemitério municipal são colocados sobre uma manta protetora, que forra o caixão, impedindo o vazamento do necrochorume.
Segundo o supervisor técnico do cemitério, Maurício Jorge, o invólucro é constituído de um material absorvente, que retém o líquido liberado durante a decomposição humana. “É uma forma de proteger o meio ambiente, sem causar constrangimento à família, diferente de propor qualquer outro tipo de sepultamento que exigisse preocupação dos familiares, em um momento tão delicado”, afirma.
O invólucro ainda não tem produtos similares no mercado e seu preço varia entre 28 e 57 reais, dependendo do tamanho do cadáver. “Mas não mudou a taxa que é cobrada pelo cemitério. Só a partir do ano que vem, que vai haver um reajuste se realmente for necessário”, explica Jorge.

Sustentabilidade para todos os bolsos


Eduarda Giacomello da Silva


Um dos assuntos mais abordados nos últimos tempos em todo o mundo é a sustentabilidade. Formas de não agredir a natureza sem deixar de lado o progresso e o desenvolvimento tecnológico são foco constante de pesquisa nas mais diversas áreas, especialmente a construção civil e a arquitetura, que buscam vantagens não só ao ambiente, como também ao bolso e ao bem-estar de seus consumidores.
Foi a preocupação ambiental e a curiosidade por construções alternativas que levou as sócias Maira Del Nero e Juliana Bôer a criar, em 2002, o primeiro, e até o momento único, escritório voltado a projetos de arquitetura sustentável de Campinas. “Resolvemos estudar bioarquitetura, depois disso começamos a tentar incluir esse conceito de uma maneira mais urbana e menos alternativa” conta Maira.
Segundo o engenheiro Éderson Augusto Zanetti, essa vertente da construção civil se encontra em um processo em evolução, que enfoca estratégias inovadoras para atender a necessidade do público, sempre aproveitando o que o espaço natural tem a oferecer. Já para Del Nero, o ramo é, hoje em dia, uma necessidade para a sobrevivência da vida urbana. “As cidades e seu metabolismo são as grandes responsáveis pelo consumo de materiais, água e energia, sendo assim razoável pensar que, em um futuro próximo, continuarão a produzir grande impactos negativos sobre o meio natural”. No entanto, existem dificuldades a serem enfrentadas. A primeira é a necessidade de popularizar a arquitetura sustentável. É pequena a parcela da população que tem conhecimento e, dessa parcela, grande parte tem a ilusão de que ter uma casa nestes parâmetros é apenas viável àqueles que detém maior poder aquisitivo, mito desmentido pela arquiteta da Cria Arquitetura. “É possível para todas as camadas [construir de forma sustentável]. Temos alternativas viáveis e algumas mais caras, mas tudo adaptável à realidade do cliente. O ideal é ter alguém com conhecimento para tomar as decisões corretas dentro de cada projeto. Não é receita de bolo, cada caso tem uma solução especifica”, frisa Maira.

As arquitetas Maira Del Nero e Juliana Boer em ambiente sustentável criado por elas.

A arquitetura sustentável demanda uma preocupação maior com o projeto que deve ser desenvolvido de maneira integrada com todas as outras pessoas envolvidas na construção. O arquiteto que se propõem a projetar dessa maneira tem que ter domínio do assunto para poder gerir todo o processo e tomar as melhores decisões em cada situação. É neste ponto que surge outra questão importante: a formação do arquiteto, que hoje é incompleta em relação a sustentabilidade. ‘Quem realmente quer trabalhar com isso precisa se especializar”, aponta Éderson Augusto Zanetti.


Biocombustíveis: uma solução renovável

Mariel Ottati Marte

Como alternativa ao uso de combustíveis fósseis, a Universidade Estadual de Campinas desenvolve várias pesquisas com o objetivo de criar uma fonte de energia viável e renovável. Na Faculdade de Engenharia Agrícola, o curso de pós-graduação em Biocombustíveis, criado em 2008, aprofunda as pesquisas para que possam ser aplicadas em um futuro próximo, como forma de aliviar os impactos ambientais provocadas pela queima de combustíveis fósseis.
De acordo com o coordenador de pesquisas da FEAgri, Antônio Maciel, as vantagens dos biocombustíveis são inúmeras. “A primeira e principal vantagem é que estes combustíveis são processados a partir de matéria prima renovável, ou seja, o gás carbônico eliminado pela combustão é reabsorvido pela própria planta que dará origem novamente ao combustível”, afirma.
Outra vantagem em relação aos combustíveis fósseis é que o combustível de origem vegetal libera em média 40% menos gases nocivos ao meio ambiente como, por exemplo, dióxido de enxofre e alguns óxidos de nitrogênio, além do próprio CO2 que volta para o ciclo da matéria prima do bicombustível.
Além disso, o manejo e transporte do combustível vegetal trazem menos risco para a sociedade, como os desastres ecológicos que aconteceram recentemente. Apesar de todas as vantagens dos biocombustíveis, o custo de produção ainda é elevado em relação à produção de gasolina e diesel a partir do petróleo. Em contrapartida, a tendência é a redução das reservas petrolíferas por meio sa superexploração e, assim, o custo tende a aumentar gradativamente.
No Brasil os principais componentes da produção de biodiesel e etanol são a soja e a cana-de-açúcar, sendo que 95% da produção de soja está direcionada para o mercado de óleo vegetal de consumo humano. A substituição das culturas de produtos alimentícios pela soja e a cana, por exemplo, é que a monocultura extensiva modifica toda a estrutura do solo enfraquecendo-o e elevando os custos de recuperação da terra para o próximo plantio. Ou seja, do ponto de vista ecológico este tipo de cultura é altamente agressivo ao meio ambiente. O país possui em abundância terras cultiváveis e mão-de-obra relativamente barata, mas a preocupação é com o futuro próximo. “A produção de bicombustíveis começa a prejudicar o meio ambiente e perde a sua essência”, afirma Maciel.
Hoje se pesquisa mais sobre matérias primas para a obtenção de biodiesel: a viabilidade econômica, social e o custo de produção influenciam diretamente na escolha do melhor caso para a utilização no processo de fabricação do bicombustível. Os trabalhos mostram que o caroço de algodão é mais competitivo entre produtos avaliados.
O pesquisador da Escola de Engenharia de São Carlos, Vitor Tedesco, é pós-graduado em biocombustíveis pela Unicamp e afirma que o trabalho tem por objetivo integrar a sociedade ao meio ambiente, numa evolução sustentável. Um exemplo é a obtenção de biodiesel a partir de óleo de cozinha descartado, reciclado e transformado em bicombustível. “Conseguimos reciclar o óleo saturado e melhoramos o rendimento da transformação de 86 para quase 95%, ou seja, cada litro de óleo saturado rende 950 ml de biodiesel”, compara.