Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Campinas recicla 100% dos pneus recolhidos

Mariana Flório Fenerich

            Os pneus recolhidos de lixões, borracharias e nas residências de Campinas pela prefeitura da cidade são reciclados e transformados em sola de sapatos, tapetes para carros e dutos pluviais.  O trabalho é possível pelo convênio existente com a Reciclanip, entidade sem fins lucrativos, criada em 2007 pelos fabricantes de pneus novos Bridgestone, Goodyear, Michelin e Pirelli e responsável por recolher e reciclar 100% dos pneumáticos recebidos pelo Departamento de Limpeza Urbana, o DLU, órgão da Secretaria Municipal de Serviços Públicos.          
            Todo mês são coletados cerca de 30 mil pneus, de acordo com o responsável pela logística do departamento, Carlos Quirino. Em 2010, de janeiro a dezembro, o número foi de 210.421 e em 2011, de janeiro a setembro, 135.205 unidades.  A coordenadora de relações públicas da Goodyear, Thaís Ruiz, explica que nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal há 711 pontos de coleta. De acordo com ela, desde 1999, as indústrias locais destinaram para reciclagem 1,7 milhão de toneladas de pneus, o que equivale a 342 milhões de pneus de passeio.            
            Em Campinas, o processo para a reciclagem de pneus acontece da seguinte forma: representantes da Secretaria Municipal de Saúde, a partir de seu programa de combate a dengue, percorrem áreas consideradas propícias à proliferação do mosquito, como borracharias e terrenos baldios, anotam o endereço e a secretaria manda caminhões aos locais, recolhe os pneus e os envia ao DLU.            
            Quando descartados de forma incorreta, os pneus representam ameaça ao meio ambiente, já que demoram em média 600 anos para decomposição. Por isso se acumulam em aterros sanitários, vias públicas, rios e lagos, obstruindo galerias e bueiros, além de facilitar a proliferação de insetos.   
            A lei federal nº12. 305, de 2 de agosto de 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 416/2009 – Destinação de Pneus Inservíveis. Dispõe sobre a prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente adequada. Já a lei municipal nº 13.756 de 17 de dezembro de 2009 obriga as empresas que comercializam pneus, pilhas, lâmpadas, baterias à base de metais pesados a possuírem locais seguros para recolhimento dos usados e a fixarem placas com informações sobre prejuízos causados pelos produtos ao meio ambiente.      
             Outro exemplo de iniciativa em prol da responsabilidade ambiental é o da empresa fabricante de pneus Goodyear que esse ano começou a fabricar em Americana os pneus ecológicos com tecnologia FluelMax. Esses pneus possuem compostos especiais que, além de garantir menor resistência ao rolamento, influencia no desempenho e representa economia de combustível em sua vida útil. Assim há vantagem tanto para o meio ambiente, com menos emissão de gases de efeito estufa, como para os motoristas pela economia com combustível. 
      Pneus coletados em Campinas são reciclados pela Reciclanip
            .

domingo, 30 de outubro de 2011

São José discute usina para resíduos sólidos

Prefeitura tem projeto para incinerar resíduos de aterro sanitário; ambientalistas contestam

Luara Oliveira

A Prefeitura de São José dos Campos debate com os moradoes o futuro do tratamento de resíduos na cidade: a implantação da Usina de Recuperação de Energia. Hoje, o município recolhe cerca de 200 mil toneladas de lixo por ano e leva todo o material para o aterro sanitário da Urbam (Urbanização Municipal).
Segundo André Miraguaia, secretário do Meio Ambiente, o aterro tem apenas mais 12 anos de vida útil e por isso a Prefeitura está se antecipando na busca de uma solução para o problema. “Em São José não existe mais área para fazer outro aterro sanitário. O nosso só tem mais 12 anos de vida. Quando acabar esse tempo, não teremos outro lugar onde depositar o lixo”, afirma o secretário.
A solução escolhida então é a Usina de Recuperação Energética que reunirá um mix de tecnologias, com a separação mecânica do lixo, biodigestão de resíduos orgânicos e a queima de materiais não recicláveis, gerando energia. Instalada na região do Torrão de Ouro, este processo aumentará a vida útil do aterro sanitário em até 40 anos. Os ambientalistas se opõem, salientando que a incineração do lixo traz danos consideráveis para a qualidade do ar, podendo ser prejudicial a saúde. O governo rebate e afirma que exigirá um meticuloso plano de contenção de poluição, com filtros de última geração para conter os gases poluentes.
Para Miraguaia, a usina é a melhor solução para a cidade e, ao contrário do que os ambientalistas dizem, trará ganhos ambientais para São José. “Nós vamos aumentar nosso poder de reciclagem, vamos conseguir separar o lixo orgânico do rejeito do lixo e daremos uma destinação adequada para esses resíduos e ainda transformar em energia” completa.
Karla Longo, doutora em ciências atmosféricas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), de São José, explica que as emissões de uma usina que siga padrão europeu, como é a intenção, não oferecem risco à atmosfera da região. “Mas existe preocupação quanto à manutenção dos filtros (responsáveis pela eliminação de gases tóxicos). Acredito que o governo municipal tem que fiscalizar isso e impor regras antes da concretização do projeto”, afirma Karla.
A tecnologia estudada para São José vem de rigorosos padrões internacionais de controles de emissões, que assegure e preserve a saúde e qualidade de vida da população. A prefeitura disponibilizou o projeto da Usina de Recuperação Energética para consulta pública na página da Secretaria do Meio Ambiente, em www.sjc.sp.gov.br

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Cooperativas de lixo tentam sobreviver sem apoio da prefeitura

Reciclagem não é estimulada e a vida útil do aterro sanitário está com os dias contatos 


Lixo acumulado é um dos problemas


Por Marília Rastelli

           Campinas enfrenta um desafio: o que fazer com a grande quantidade de lixo produzida pela cidade. Enquanto o aterro sanitário já está 30% acima de sua capacidade, a alternativa para estimular a reciclagem é deixada de lado, as cooperativas da cidade estão abandonadas e sem condições de trabalho.
A cidade produz hoje cerca de 1,24 tonelada de lixo por dia, segundo dados da prefeitura. Cada morador é responsável pela produção de 320 toneladas de lixo por ano, número que aumentou mais de 40% nos últimos 5 anos. 
           A maior parte desse lixo tem um destino principal, o aterro sanitário Delta A, que recebe cerca de 900 toneladas de lixo por mês.  Desde o ano passado, o local não suporta mais o grande volume de resíduos e sofreu uma interdição da Sabesp, órgão responsável pela fiscalização ambiental. A alternativa encontrada pela prefeitura foi a construção de um novo aterro, o Delta B. Porém, segundo a Sabesp, o local é impróprio para isso, portanto, o órgão ainda não concedeu a licença ambiental necessária para o funcionamento. O prazo é que o Delta B funcione no ano que vem, mas ainda aguarda a decisão da Sabesp.  Por enquanto, Campinas não tem onde depositar o lixo.
       A alternativa é a reciclagem dos materiais, mas as cooperativas de reciclagem estão abandonadas e lidam com a falta de incentivo da prefeitura. A falta de estrutura é a principal reclamação, já que as 14 cooperativas que funcionam na cidade não tem os equipamentos necessários e a maioria não tem locais adequados de trabalho.  Segundo Aparecida de Fátima Assis, diretora da cooperativa Antônio da Costa Santos, o abandono do barracão onde ficam os materiais compromete no resultado do trabalho. “É muito difícil sobreviver sem nenhum incentivo da prefeitura, a gente acaba não conseguindo reciclar tudo que a gente recebe aqui, porque o barracão não tem porta e metade do teto está destruído, então sempre corremos o risco de perder tudo que a gente produziu com a chuva”, diz a diretora, ressaltando ainda que 34 famílias garantem o sustento na cooperativa, número que poderia ser maior. 
     Segundo José Carlos Barbosa, presidente da Associação das Cooperativas de Campinas, as cooperativas tem capacidade para reciclar 60 toneladas de lixo por mês, número que representa apenas 10% do que a cidade produz. Porcentagem que poderia ser mais significativa, se a prefeitura colocasse em prática uma promessa antiga. Em 2006, um acordo entre a administração e a Tecam pretendia apoiar as cooperativas com a construção de dois novos barracões por ano e doação de equipamentos. O projeto não saiu do papel, e até hoje apenas uma cooperativa foi revitalizada. “Hoje pra sobreviver nós temos que fazer milagre, sem apoio nenhum”, diz José Carlos.
         A prefeitura alega que ainda não revitalizou as cooperativas pois algumas estão irregulares, e o processo para regularização demorou mais que o esperado. Mesmo assim, a administração garante que o projeto está em andamento. Pelo o que se vê, em passos lentos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Vinhedo lança Projeto de Lei para implantar o PSA

Mata do Jardim das Paineiras, uma das APPs de Vinhedo
Por Bia Von Zuben
Vinhedo estuda, por meio da Secretaria do Meio Ambiente, um projeto que tem como objetivo realizar o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), parte do programa “Vinhedo a Caminho da Sustentabilidade. Preservando a qualidade de vida!”, criado em parceira com a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip Elo Ambiental.
O projeto visa conservar e recuperar os fragmentos de vegetação nativa, bem como proteger mananciais e manter a biodiversidade, garantindo a qualidade de vida de Vinhedo. De acordo com o coordenador do projeto e representante da Ong Elo Ambiental, Edson Ferreira, “a Ong sugeriu o uso da ferramenta (PSA) à Prefeitura e à Câmara Municipal, e fez também uma aproximação com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, para apoiar na elaboração do projeto de lei”.
Os proprietários de terrenos particulares com córregos, nascentes, topos de morros e encostas e fragmentos de vegetação nativa serão incentivados a preservá-los, por meio de legislação municipal que definirá formas de pagamento. Segundo Edson Ferreira, essas áreas são de preservação permanente, as APPs, identificadas de acordo com as definições do Código Florestal Brasileiro e as informações do Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC).
O projeto PSA é importante, não só para Vinhedo como para o Estado de São Paulo e para o Brasil, de acordo com Edson Ferreira. “O Governo de Estado já regulamentou o PSA e o Congresso discute a inclusão do PSA na reforma do Código Florestal”, afirma. O PSA é conhecido como um mecanismo de incentivo econômico às boas práticas ambientais, que segundo Ferreira deve ser utilizado em conjunto com a legislação já existente.
De acordo com informações da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Vinhedo, o projeto de lei prevê a criação de um comitê gestor, composto por representantes de entidades de preservação ambiental, que irá acompanhar o processo.

O exemplo de Extrema (MG)
Em Extrema, interior de Minas Gerais, foi implantado um sistema semelhante ao PSA, que segundo Edson Ferreira foi o pioneiro no Brasil. Há ainda outras iniciativas mais antigas no exterior. “Recentemente, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo lançou o PSA em outras cidades em caráter experimental. Não há uma parceria entre Extrema e Vinhedo, mas a experiência acumulada pela Prefeitura de Extrema tem servido para orientar novas iniciativas”, afirmou Edson.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Uma volta ao mundo com o lixo eletrônico

Greenpeace alerta: 50 milhões de toneladas de sucata tecnológica são produzidas por ano

Por Thaís Inocêncio

‘Tecnojóias’: placa-mãe de computador é a matéria-prima

Enquanto uns chamam de lixo eletrônico, Naná Hayne  chama de arte. A artista plástica utiliza componentes de equipamentos eletrônicos para criar telas e bijuterias, as chamadas ‘tecnojóias’. E é assim que ela mostra que tem consciência da importância do descarte correto da sucata tecnológica: com criatividade. “A finalidade do meu trabalho é mostrar quão bela é esta matéria-prima chamada lixo eletrônico, o quanto é possível educar, ainda que de modo indireto, quando se olha para o lixo transformado artisticamente”, afirma.

            Naná, através das obras, alerta para o problema do lixo produzido pelos produtos eletrônicos, cada vez mais crescente em função da popularização desses artigos.  Segundo a organização não-governamental Greenpeace, se as 50 milhões de toneladas de eletroeletrônicos descartadas por ano fossem colocadas em containers de um trem, os vagões dariam uma volta ao redor do mundo.

            Descartados de forma incorreta, os elementos químicos presentes nos produtos eletrônicos, como o mercúrio, o chumbo, o fósforo e o cádmio, podem contaminar o ar, os lençóis subterrâneos - responsáveis por mais de 90% da água potável – e, dessa forma, os alimentos.

            A solução é a reciclagem. Segundo o engenheiro eletrônico e diretor da empresa Descarte Certo, Ernesto Watanabe, responsável pela coleta e reciclagem de produtos tecnológicos, o reaproveitamento tem dois principais benefícios: evitar que essas substâncias entrem em contato com o meio ambiente e diminuir a retirada de matéria-prima da natureza para a produção de eletrônicos, na medida em que é recolocado no processo produtivo.

            Mas a maioria dos brasileiros ainda não tem esse costume e é responsável pela geração de 500 mil toneladas de lixo eletrônico por ano, o que faz do Brasil o país emergente que gera o maior volume desse material per capita anualmente. “O número de pessoas que descarta produtos eletrônicos corretamente é muito pequeno. Motivo? Falta de conscientização”, afirma Watanabe. 

E-lixo maps - O pretexto dos que reconhecem a importância do descarte correto de produtos eletrônicos, mas não o fazem, é a dificuldade de encontrar o local adequado para depositar a sucata tecnológica. A desculpa acabou. Uma parceria entre a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e o Instituto Sérgio Motta, um centro de projetos e debates voltados ao uso criativo da tecnologia e à inovação, resultou na criação do ‘e-lixo maps’, um localizar dos postos de coleta do e-lixo, mais próximos de casa.

            Para encontrar os locais que recebam e reciclem esse tipo de resíduo, basta entrar no site www.e-lixo.org, inserir o CEP da residência e o tipo de lixo eletrônico que precisa ser descartado. O próximo passo é a atitude consciente.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Tecnologia limpa garante desenvolvimento sustentável para produtor

 Mariana Silva
 
Corante natural. O consumidor que vê essa frase nas embalagens de produtos alimentícios como a salsicha não imagina as inovações que o corante vem sofrendo para melhorar os processos de produção e chegar aos supermercados um produto feito com tecnologia ecologicamente correta. O pigmento vermelho (bixina) é extraído da semente (que tem em média 4%), de uma planta chamada Urucum (Bixa orella L.) e essa extração poderá ser feita na propriedade dos produtores graças a pesquisa desenvolvida pelo químico e pesquisador do ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos), Paulo Roberto Nogueira de Carvalho que trabalha com a planta há vinte anos.

A metodologia empregada usa a água como solvente, assim, não agride o meio ambiente e os produtores economizam no transporte, pois no campo onde é extraída a bixina fica a semente, então apenas 10% do peso vai para a indústria. “O maior benefício é fazer com que o produtor consiga comercializar este produto pré-processado. Hoje ele comercializa a semente e, com esse método, o que vai para a indústria é uma pasta ou pó deste corante. O resíduo que fica no campo (semente úmida) pode ser aproveitado na ração animal, importante como suplemento alimentar para galinhas poedeiras, com 12% de proteína e ajuda na coloração da gema do ovo”, explicou Carvalho.

A pesquisa também aumentou o rendimento da extração à base de água, no caso de sementes com maiores teores de lipídios (óleos). “Com a exposição da semente a temperatura maior, possibilitou um salto de 60% para mais de 90% de extração”, salientou ele.

Para a extração do urucum podem ser usados vários solventes como o KOH (hidróxido de potássio) ou o NaOH (hidróxido de sódio), mas o descarte do resíduo industrial à base desses solventes tem impacto ambiental e outros corantes artificiais podem causar alergias.

Como o consumidor está cada vez mais exigente, tem optado por produtos naturais. A estudante Carolina Lins e Silva, 14 anos, sente na pele a importância de alimentos à base de corantes naturais. “Como tenho alergia, minha mãe já sabe quais produtos comprar”. As indústrias também têm atentado as preferências dos consumidores. O urucum é o corante mais utilizado no mundo. A maior empresa brasileira do ramo, a Chr. Hansen, em Valinhos, interior de São Paulo, está atenta às pesquisas relacionadas ao urucum e espera que este projeto seja patenteado. “Achamos o projeto muito positivo e temos nos reunido para formar parcerias com produtores e pesquisadores para compartilhar os benefícios que são mútuos”, ressaltou a assessora de imprensa Rosa Maria Fernandes.

O tempo vai mudar

Noites mais quentes e aumento de tempestades são as projeções de estudos para Campinas

Vanessa Bispo (vanessa_bispo007@hotmail.com)

As tempestades vão se tornar mais frequentes nas cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, é o que revela o estudo realizado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A estimativa é de que daqui a 60 anos, ou seja, em 2070, o número médio de tempestades será duas vezes maior em relação aos dados atuais. “Este aumento, contudo, pode ocorrer bem mais cedo, se considerarmos que o aquecimento global se intensifique, conforme alguns cenários de maiores emissões de gases estufa sugerem a partir de projeções de modelos climáticos”, alerta o coordenador do ELAT e um dos pesquisadores do estudo Osmar Pinto Júnior.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores se basearam nos dados registrados nessas cidades num período de 60 anos, devido a esse volume de dados e pela credibilidade das informações é que as cidades foram escolhidas. Por isso, conforme afirma o coordenador do ELAT, o aumento poderá ocorrer também em outras regiões e que estudos equivalentes estão sendo feitos para as outras regiões do país e deverão ser divulgadas no futuro. Nas regiões litorâneas, inclusive, a projeção é de que o aumento de tempestades deverá ser três vezes maior.

O aquecimento das águas do oceano Atlântico relacionado ao aquecimento global é o responsável pelo o aumento das tempestades. Para o pesquisador, as estimativas do estudo só poderão ser revertidas, se a temperatura do oceano parar de subir, o que é pouco provável.

Para amenizar os efeitos do aumento de tempestades, a Defesa Civil de Campinas informou que todos os anos estabelece um plano para evitar períodos chuvosos.
Saiba quais são os principais bairros atingidos, segundo a Defesa Civil.




 TEMPERATURAS
Em Campinas, nos últimos 100 anos, a temperatura mínima se elevou aproximadamente 2,5 graus. Com esses dados, o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Gabriel Constantino Blain, projeta que entre 2020 a 2050, as temperaturas mínimas vão subir ainda mais e as geadas ficarão menos frequentes. Essa estimativa também é apontada pelo último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o qual indica que a intensidade e a frequência de eventos climáticos, como as geadas, vão sofrer alterações, já que o clima vai ficar mais quente.

O estudo realizado por Blain aponta que o aumento da temperatura mínima nos últimos 60 anos, comparado com as temperaturas máximas se intensificou. Além disso, esse aumento foi verificado, principalmente, no período noturno, quando ocorre a absorção do calor pelo solo e que essa é uma tendência mundial. Como agente causador, o aquecimento global é um dos indicados, mas, para o pesquisador do IAC, não é o único fator. “Os estudos não têm a pretensão de ser categóricos, afinal, as coisas mudam e, mais tarde pode se chegar a outra conclusão”, lembra.

Com relação às chuvas, Blain diz que estão chegando com atraso e que isso foi percebido primeiro pelos produtores rurais, já que, este atraso se reflete na demora para a colheita. Sobre os efeitos das mudanças climáticas para o ser humano, como este citado, o pesquisador comenta que o que mais chama atenção é a vulnerabilidade das pessoas ante as mudanças do clima e a contribuição do homem nestes problemas. “O mundo só pensa em consumir, em ter, e se esquece das conseqüências provocadas. Além disso, ocupam áreas como encostas de morros e depois culpam o clima”, conclui.

Reciclagem em cooperativa é feita em condições precárias

Santa Genebra, em Campinas, sofre com a falta de estrutura e apoio da prefeitura

Vinícius Conde
                                                                                            Foto: Vinicius Conde
Acumulo de lixo na Cooperativa de Santa Genebra

O Brasil produz 240 mil toneladas de lixo por dia. Em Campinas, por exemplo, que é a sexta maior geradora da região Sudeste, recicla apenas 2%, ficando bem atrás de São Paulo com 10%. A explicação para esse baixo número de reciclagem passa pelo fato de as pessoas não separarem devidamente o lixo do material reciclável. Isso dificulta o trabalho nas cooperativas, que recebem tudo misturado e acabam perdendo material que poderia ser reaproveitado.

 É o que acontece na Cooperativa Santa Genebra, como explica a presidente Janaína Pires. “A coleta seletiva é muito ruim”, frisa. Metade da coleta é triturada. A cooperada Patrícia Moura afirma que “vem muito lixo pra cá, muito lixo, o que a gente tira de lixo aqui não é brincadeira. A gente tira mais lixo do que material”.

A falta de auxilio da prefeitura e as condições de trabalho geradas pela falta de estrutura também fazem com que fique cada vez mais difícil identificar uma evolução. Os cooperados trabalham sobre o risco eminente e constante de acidentes. “Por mais que a gente trabalhe com luva sempre corre o risco de se furar, porque essas luvas não protegem de uma agulha ou de algum corte”, diz Patrícia com ar de protesto. Já a presidente afirma que tem como fechar a cooperativa, pois estão sem porta, o que resultou na perda de muito material reciclado por causa dos assaltos.

A administração pública tem conhecimento dos problemas, mas afirma que no momento não pode resolver. “Nós temos barracões que estão com problemas de estrutura e a prefeitura está impedida inclusive de fazer financiamento ou investimento nesses barracões” afirma Sebastião Arcanjo, secretário do Trabalho e Renda. Ele completa dizendo que isso se deve ao fato de essas cooperativas não estarem hoje, no ponto de vista legal, em condições de receber apoio.

A compostagem como alternativa de reciclagem

Lixo orgânico pode ser usado como adubo em processo caseiro

Ligia Dumit


A produção de lixo orgânico, composto por restos de alimentos, frutas, sementes, folhas e outros materiais consumidos nas residências, pode transformar o meio ambiente a partir de sua utilização como adubo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil gera 90 milhões de toneladas de lixo por ano, sendo que 90% tem como destino os lixões.

O resíduo orgânico, após levado para o lixão, entra em processo de apodrecimento e produz o chorume, líquido responsável pela contaminação do solo e atinge os lençóis freáticos e rios. Uma solução é a compostagem, processo que consiste em transformar o material orgânico em adubo.  O IBGE aponta, em pesquisa realizada em 2000, que no Brasil há 260 usinas de compostagem.

Apesar disso, esse processo de compostagem pode ser caseiro, uma alternativa viável para os ecologicamente corretos. Para isso, é necessário uma composteira feita sob medida.  A maior vantagem, segundo o professor de educação ambiental da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Sandro Tonso, é o prazer de contribuir com o meio ambiente, além de ser um local também para descartar folhas secas. Com isso, há seis meses, tem-se o adubo orgânico. Tonso diz ter 20 amigos que praticam a compostagem caseira.

Outra alternativa para reciclar o lixo orgânico é o biodigestor, que também pode ser feito em casa. O princípio é transformar o lixo orgânico em gás metano.  As empresas, porém, optam pela processadora de detritos orgânicos, transformando-os em nutrientes para o solo, como fazem o HSBC e a Sodexo. 
 
E agora, vamos aprender como fazer sua própria composteira? 

Movimento Limpa Brasil em Campinas recolhe cerca de 400 toneladas de lixo das ruas

Limpa Brasil ocorreu dia 25 de setembro e reuniu 12 mil voluntários

Por Isabela Reis


O movimento Limpa Brasil Let’s do it! coletou 52 toneladas de lixo reciclável das ruas de Campinas, em 6 horas, com a ajuda de aproximadamente 12 mil voluntários. A coleta aconteceu no dia 25 de setembro e, na semana anterior, aconteceram ações de limpeza na cidade com a colaboração do DLU (Departamento de Limpeza Urbana). Nesse trabalho teve a participação de entidades parceiras e de escolas públicas, para a retirada de 350 toneladas de lixo das ruas.
            Vera Lúcia Miranda Aranha foi incentivada pelas filhas a participar do movimento. Para ela, a iniciativa foi muito importante mas deveria ter mais divulgação. Lembrou que em alguns pontos de entrega, dos 25 distribuídos pela cidade, quase não havia participantes. “Cada um tem que ter consciência e fazer sua parte”, afirma o voluntário Mateus Maida Andreato, que acredita em movimentos desse tipo para conscientizar as pessoas.
            Logo após a ação foi realizado um show em agradecimento aos voluntários, que aconteceu na Concha Acústica do Taquaral e contou com a presença de vários cantores, entre eles Elba Ramalho. Durante o show foram distribuídos sacos de lixo para que os resíduos fossem descartados corretamente. A intenção era demonstrar que cada indivíduo é responsável pelo lixo que produz. O show trouxe a ideia de que “do meu lixo cuido eu” e terminou com espaço todo limpo.
            Campinas foi a quarta cidade a participar do movimento Limpa Brasil Let’s do it!, Antes havia ocorrido no Rio de Janeiro, Brasília e Goiânia. A próxima edição acontecerá em São Paulo no dia 9 de outubro.

Mateus Maida Andreato participa do evento com os amigos

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Especialistas divergem sobre a eficácia do PSA

Sistema para compensar degradação ambiental prevê pagamento para quem preservar áreas
Murilo Pereira
Foto: Thiago Roncon
Áreas florestais amenizam poluição de CO2
Os pagamentos por serviços ambientais (PSA) começam a se estabelecer nas regiões do norte e sudeste do Brasil, mesmo sendo motivo de divergências entre especialistas da área em relação aos benefícios fiscais que as empresas possuem na emissão de dióxido de carbono e ao desmatamento florestal.

O engenheiro agronômico e doutor em Solos e Nutrição de plantas Miguel Ângelo Maniero afirma que esse sistema abre as portas para indústrias usufruírem como quiserem dos recursos naturais apenas visando o lucro. “Isso se torna uma lei que permite a poluição ambiental, não resolve nada e ao invés de pagar o valor conivente a multa pelo prejuízo ambiental, as empresas ganham um tipo de desconto”, critica. Ressalta ainda que “as multinacionais não acabam nem compensando, porque emitem o CO2 num determinado país e compensam noutro. Isso não tem lógica”, frisa.

O sistema PSA foi criado com o propósito de compensar os efeitos causados pela destruição ambiental. Há vários métodos para o pagamento pela área preservada, como a preservação de mananciais – de acordo com a área plantada - ou a fixação de carbono, a partir da compensação da emissão do CO2.  O mercado do crédito de carbono (uma tonelada de dióxido de carbono corresponde a um crédito de carbono) é defendido pelo biólogo e mestre em agroecologia e desenvolvimento rural Thiago Roncon.

Em sua dissertação de mestrado “Valoração Ecológica de áreas de Preservação”, Roncon incentiva  a preservação florestal levando em conta o PSA. Como exemplo, a Natura possui o projeto Carbono Neutro que visa compensar a emissão de CO2 na atmosfera e, para isso, a empresa paga aos proprietários de terra pela fixação de carbono. “Atualmente a Natura paga aproximadamente R$ 15 por crédito carbono, mas segundo minha pesquisa o valor a ser pago deveria ser o aproximado a R$ 148,00” afirma Roncon. Para ele, a adoção desse sistema “compensa o que as indústrias emitem para a atmosfera além de preservar a área verde”.

O professor e doutor em Recursos Florestais Flávio Betin Gandara, da Esalq/USP, também apoia o PSA e diz que pode ser um método eficaz e conveniente. “Assim como a própria agroecologia, é um assunto muito recente, que há falhas, mas tem tudo para dar certo”, explica. O questionamento deve-se a discussão de que a preservação ambiental é um dever e não um serviço a ser cobrado. Como justificativa, ressalta que as regiões do Brasil são díspares em territórios florestais. “Regiões do norte do país, por exemplo, têm muito mais área verde a ser preservada do que a própria região sudeste, o que requer uma responsabilidade social muito maior da população daquela região”. De acordo com Gandara,  o PSA não é uma solução para os problemas de poluição e sim um método que vai amenizar a degradação ambiental.

Pesquisa do Centro Comum de Investigação da União Europeia apontou que a emissão de gases do efeito estufa (GEEs) cresceu 45% nos últimos 20 anos, entre 1990 e 2010, atingindo um recorde de 33 bilhões de toneladas de dióxido de carbono no último ano. Isso de fato, distorce todo o compromisso de redução de emissão de CO2, de acordo com o Protocolo de Kyoto. Embora os países da União Europeia tenham conseguido reduzir em 7%, o motivo do aumento está nos países emergentes, principalmente China e Índia que aumentaram 10% e 9% respectivamente e o Brasil 5%. Outro recente estudo realizado no Brasil, pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), apontou que o desmatamento de agosto na Amazônia Legal foi 15% maior em relação ao mesmo mês de 2010.

 Justamente por motivos como esses que no último dia 21 de setembro, Eduardo Delgado Assad, secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, apresentou as ações políticas do governo para as mudanças climáticas. Entre elas estão o pagamento por serviços ambientais, a redução do desmatamento e a diminuição da emissão de dióxido de carbono. Os recursos para essas ações virão do Fundo Nacional de Mudanças Climáticas (FNMC) que iniciou com o valor de 230 milhões de reais.

Cartuns alertam sobre degradação ambiental

Com humor, criatividade e um tom crítico, cartunista realiza
exposição sobre o meio ambiente em Piracicaba 

                                                Kim Belluco
Fotos: Kim Belluco      

Humorista alerta para o perigo da destruição global
Artista faz aquário com os rios Tiête, Panamá: “em extinção”
O desenhista Osvaldo da Costa reuniu 36 de suas obras, produzidas durante 10 anos de trabalho, para abordar o tema meio ambiente numa exposição gratuita, realizada até o dia 2 de outubro, no Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, em Piracicaba. Por meio de cartuns bem humorados, ele aborda desde a destruição do meio ambiente, o aquecimento global até a importância da preservação ambiental. É dessa maneira que Costa utiliza seu talento em benefício do meio ambiente, transmite mensagens e conscientiza as pessoas sobre a necessidade de contribuirem com a preservação do planeta.

Conhecido como “o último desenhista do humor”, Osvaldo da Costa nasceu em São Paulo e teve seus trabalhos publicados em diversos veículos de comunicação, como Revista Exame, O Pasquim, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e A Tribuna (Santos). É professor de produção digital, representação gráfica, tipografia e cor na licenciatura em artes visuais na Universidade Santa Cecília (Santos). Mestrando em Comunicação na Universidade São Caetano do Sul, Costa já participou de várias exposições e ganhou prêmios em diversas delas, como o 18º Salão Universitário de Humor de Piracicaba / UNIMEP - Piracicaba - Prêmio Especial Temático - 2010
O artista optou por desenhos sem legendas, com uma linguagem fácíl, acessível para todos para mostrar animais e homens unidos em favor do reflorestamento. Já sobre a despoluição de mares e rios, fez um paralelo interessante, em um de seus cartuns, onde há pessoas visitando um aquário, mas ao invés de verem peixes deparam-se com o “que restou dos rios e mares do Brasil, sendo um deles o Tiête”, como explica.

Outro desenho marcante é de um homem carregando um mundo ‘sangrando’ nas costas, enquanto o outro varre o chão. Segundo o próprio humorista, esses cartuns têm o intuito de mostrar para as pessoas os cuidados que devem ter com a natureza, com o planeta. Demonstra também que, com pequenos gestos, é possível obter grandes atitudes. “Acredito que meus cartuns possam colaborar com a difusão das ideias de proteção do meio ambiente. Por meio do humor, espero contribuir para maior consciência social em nossa comunidade”, destaca.

O Brasil está entre os países que mais poluem no mundo, contribuindo aproximadamente com 1,3% da emissão total de gás carbônico. E mesmo com essa situação precária, Costa exclama que é possível mudar e acredita que a solução são as crianças. “Elas saberão respeitar a natureza, o que seria o mínimo a ser feito por nós. Mas vamos encarar a vida com mais humor, faz bem para a saúde e para a natureza”.

Projeto visa preservar pau-brasil

Pesquisa da Unesp objetiva plantar espécie em áreas urbanas

Mariana Flório Fenerich

            O pau-brasil - Cesalpinia echinata lam - que pertence ao bioma da Mata Atlântica representa desde a colonização significativa importância econômica para o Brasil, considerada a árvore símbolo nacional.  O projeto de extensão idealizado e coordenado desde 2003 pelo professor Sérgio Valiengo Valeri, da Unesp (Campus de Jaboticabal), visa levar a espécie para as cidades.  ‘Pau-brasil em São Paulo: um exemplo de cidadania e amor a vida’ é desenvolvido com o apoio do doutorando e engenheiro florestal Dan Erico Viera Petit Lobão e do engenheiro agrônomo George de Andrade Sodré. Eles pertencentes ao Ceplac/Cepec (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira/Centro de Pesquisa do Cacau). O Cepec ajuda com o fornecimento de sementes e mudas de pau-brasil, participando também no desenvolvimento de pesquisas com a espécie.     
            A respeito das pesquisas envolvendo o uso do pau-brasil, o professor e presidente da Comissão de Parques e Jardins da Unesp de Jaboticabal, Sérgio Valiengo Valeri afirma que no momento são avaliadas a propagação assexuada da espécie. O processo consiste na produção de clones a partir do enraizamento de estacas no sistema de hidroponia em água oxigenada e que recebe uma pequena quantidade de nutrientes.       
            De acordo com Valeri, desde o início foram produzidas 3 mil mudas e plantadas 300 na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp, além de 200 mudas em 60 municípios do estado de São Paulo – viveiros e praças públicas - em parceria com o Lions Clube do Brasil. Os recursos são provenientes da Pró-Reitoria de Extensão Universitária, a Proex.       
            A divulgação é feita através de jornais, televisão, endereço eletrônico da faculdade, bem como a divulgação em escolas por meio de palestras realizadas no Viveiro Experimental de Plantas Ornamentais e Florestais da FCAV.              Participam a secretária do Departamento de Produção Vegetal Rosane Aparecida Betioli Innocente, o professor colaborador Rinaldo César de Paula, além de dois bolsistas graduandos em agronomia, Matheus Pozetti Teixeira e Gustavo Rezende Machado, e instituições e equipe de apoio. Teixeira, responsável pela divulgação na comunidade escolar, fala com alunos sobre questões históricas, econômicas e ambientais, e nos meios de comunicação sobre as técnicas de produção de mudas, plantio e condução de povoamentos florestais e urbanos. “Preservar a história é preservar e respeitar a memória do seu povo”, frisa. 
            Teixeira afirma que os alunos podem interagir aprendendo sobre a formação, manuseio e transplante de mudas e comenta ser possível conscientizá-los acerca da dependência da natureza e a necessidade de preservá-la.
O professor Sérgio Valiengo Valeri mostra uma das mudas plantadas na Unesp

Corredor das onças ainda enfrenta problemas


Projeto não foi implantado em determinados pontos da mata por falta de autorização de fazendeiros

Quatro onças morreram atropeladas na região nos últimos seis meses
Por Vinícius Bueno
O projeto que visa à proteção das onças que vivem em uma área de mata que vai da Fazenda Santa Genebra até o Matão ainda encontra dificuldades para funcionar totalmente. A medida que começou a ser implantada no início de agosto deste ano ainda tem áreas de matas ciliares que não foram reconstituídas.
 
A proposta do corredor das onças, incentivado pelo Instituto Chico Mendes e agora com apoio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade, é reconectar fragmentos de florestas que servem de habitat para as onças pardas e outras espécies e preservar a área de circulação. O problema é que determinados pontos da mata passam no meio de propriedades particulares e é preciso a autorização do proprietário.José Antônio Ferreira dono de um sítio na mata São Francisco, em Paulínia, diz que tem receio de atrair os animais para o próprio terreno. “Quem garante que essas onças costumam passar por aqui? Talvez nunca tenham chegado perto da minha casa. Todas elas vão passar por aqui se eu autorizar esse corredor e se uma delas escapar estará perto da minha casa” pondera.

Alguns proprietários rejeitaram a iniciativa alegando que teriam que abrir mão de espaços que poderiam ser usados em plantios ou pecuária. “Esse corredor vai passar em cima de uma plantação de milho que eu tenho. Vou acabar perdendo uns 15% da minha produção” conta o fazendeiro Marcos Silva Rocha.

Para a analista ambiental do Instituto Chico Mendes e idealizadora do projeto, Márcia Gonçalves Rodrigues, os animais são quem mais sofrem nessa demora em implantar o corredor. “Nos últimos seis meses, quatro onças foram atropeladas nas rodovias que cercam Cosmópolis, Sumaré, Campinas e outras cidades. É preciso facilitar o deslocamento das onças e reduzir o número de acidentes, que podem ser fatais não só para os animais, mas também para os motoristas”, alerta.

Depois de um ano e meio de análises, o projeto que rastreou os deslocamentos de dez onças-pardas e prevê um investimento de quase R$ 500 mil até o próximo ano corre risco de não sair do papel. “O projeto é muito detalhado e já tem funcionado nos pontos em que implantamos. A maior dificuldade mesmo vai ser explicar para essas pessoas a necessidade do corredor”, conta a ambientalista.

Para tentar convencer os proprietários, os idealizadores vão ter a ajuda do procurador do MPF (Ministério Público Federal), Paulo Gomes, que apurou as medidas adequadas para a preservação do local. “O procurador vai justamente esclarecer essas dúvidas dos proprietários para que eles não se sintam lesados” explica Márcia.