Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Cooperativas de lixo tentam sobreviver sem apoio da prefeitura

Reciclagem não é estimulada e a vida útil do aterro sanitário está com os dias contatos 


Lixo acumulado é um dos problemas


Por Marília Rastelli

           Campinas enfrenta um desafio: o que fazer com a grande quantidade de lixo produzida pela cidade. Enquanto o aterro sanitário já está 30% acima de sua capacidade, a alternativa para estimular a reciclagem é deixada de lado, as cooperativas da cidade estão abandonadas e sem condições de trabalho.
A cidade produz hoje cerca de 1,24 tonelada de lixo por dia, segundo dados da prefeitura. Cada morador é responsável pela produção de 320 toneladas de lixo por ano, número que aumentou mais de 40% nos últimos 5 anos. 
           A maior parte desse lixo tem um destino principal, o aterro sanitário Delta A, que recebe cerca de 900 toneladas de lixo por mês.  Desde o ano passado, o local não suporta mais o grande volume de resíduos e sofreu uma interdição da Sabesp, órgão responsável pela fiscalização ambiental. A alternativa encontrada pela prefeitura foi a construção de um novo aterro, o Delta B. Porém, segundo a Sabesp, o local é impróprio para isso, portanto, o órgão ainda não concedeu a licença ambiental necessária para o funcionamento. O prazo é que o Delta B funcione no ano que vem, mas ainda aguarda a decisão da Sabesp.  Por enquanto, Campinas não tem onde depositar o lixo.
       A alternativa é a reciclagem dos materiais, mas as cooperativas de reciclagem estão abandonadas e lidam com a falta de incentivo da prefeitura. A falta de estrutura é a principal reclamação, já que as 14 cooperativas que funcionam na cidade não tem os equipamentos necessários e a maioria não tem locais adequados de trabalho.  Segundo Aparecida de Fátima Assis, diretora da cooperativa Antônio da Costa Santos, o abandono do barracão onde ficam os materiais compromete no resultado do trabalho. “É muito difícil sobreviver sem nenhum incentivo da prefeitura, a gente acaba não conseguindo reciclar tudo que a gente recebe aqui, porque o barracão não tem porta e metade do teto está destruído, então sempre corremos o risco de perder tudo que a gente produziu com a chuva”, diz a diretora, ressaltando ainda que 34 famílias garantem o sustento na cooperativa, número que poderia ser maior. 
     Segundo José Carlos Barbosa, presidente da Associação das Cooperativas de Campinas, as cooperativas tem capacidade para reciclar 60 toneladas de lixo por mês, número que representa apenas 10% do que a cidade produz. Porcentagem que poderia ser mais significativa, se a prefeitura colocasse em prática uma promessa antiga. Em 2006, um acordo entre a administração e a Tecam pretendia apoiar as cooperativas com a construção de dois novos barracões por ano e doação de equipamentos. O projeto não saiu do papel, e até hoje apenas uma cooperativa foi revitalizada. “Hoje pra sobreviver nós temos que fazer milagre, sem apoio nenhum”, diz José Carlos.
         A prefeitura alega que ainda não revitalizou as cooperativas pois algumas estão irregulares, e o processo para regularização demorou mais que o esperado. Mesmo assim, a administração garante que o projeto está em andamento. Pelo o que se vê, em passos lentos.

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