Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Perfil- Jesus Afonso transborda força de vontade e animação na 3ª idade

por Carolina Marialva

Agenda lotada, atividades de manhã até a tarde, curso aos sábados e no final de semana uma reunião de amigos ou um baile para relaxar. Esta rotina aparenta pertencer a algum jovem na flor da idade, que quer fazer tudo e não para um minuto!Porém, ela descreve o dia a dia de Jesus Afonso, um senhor de 64 anos. Apesar da idade Jesus é um exemplo de vitalidade, determinação e de que terceira idade e aposentadoria não é sinônimo de ficar descansando ou fazendo tricô em casa.

Muito animado, Seu Jesus, como é conhecido é um participante assíduo das atividades de terceira idade e oficinas oferecidas em um bairro ao lado de onde mora, a Vila Castelo Branco, que apesar de se localizar na periferia da cidade de Campinas tem uma boa infra estrutura contando com quatro escolas, Igreja, uma casa de cultura e uma ONG (O PROGEN- Projeto Gente Nova) que recebe jovens, adultos e idosos e oferece atividades educativas e prazerosas aos freqüentadores. No entanto, Seu Jesus não fica restrito às atividades de seu bairro, tanto que faz um curso de engenharia oferecido por um professor da Puc-Campinas e seua alunos.

Seu Jesus e a parceira de dança no Baile da Igreja


Nascido em Promissão, uma cidade a Noroeste de São Paulo, passou a infância em um sítio em Tupã, também no Estado, com seus pais e mais cinco irmãos, dos quais era o mais velho. Estudou apenas até o terceiro ano primário, como era chamado o 4º ano na época e diz que tudo o que sabe, aprendeu depois. Por volta dos 18 anos a família mudou para Campinas. Morou em vários bairros, como Jardim Eurélia e Interlagos, antes de se mudar em 1977 para o Nóbrega, onde vive até hoje.

Na época de infância, no sítio, como os pais não podiam comprar brinquedos, o próprio Jesus os fazia, utilizando madeira. Até que quando ele tinha 13 anos o pai de Jesus viu que o filho tinha jeito para mexer com madeira, e colocou o menino em uma marcenaria para aprender a profissão. O dono da marcenaria a princípio não iria pagar Jesus, e o pai disse que não haveria problema já que era apenas um aprendizado. Ao fim do primeiro mês ele avisou o menino que iria até sua casa falar com seu pai. Jesus ficou com medo, achando que o chefe iria reclamar de alguma coisa que ele tinha feito de errado, porém o patrão foi trazer o pagamento do garoto. O pai se surpreendeu, pois o marceneiro disse que não iria pagar nada, mas ele fez questão, alegando que o menino merecia.

No início, Jesus apenas varria a marcenaria e arrumava as madeiras, mas depois de apenas três meses, começou a montar móveis e não parou mais. Até 1990 trabalhou em marcenarias, mas depois preferiu trabalhar como autônomo, por conta, fazendo móveis sob encomenda em sua própria casa. No entanto Jesus foi obrigado a parar de trabalhar devido uma operação que fez em 2005. A cirurgia o proibiu de fazer força e carregar peso, por isso há 4 anos, desde quando forçado a abandonar a profissão que exerceu a vida inteira, não faz mais móveis.

Entretanto Jesus não reclama. No primeiro ano depois da operação, ele chegou a ponto de ficar louco, pois não agüentava ter de ficar em casa vendo televisão. Isso até descobrir as atividades de grupos. Ele começou a fazer Lian Gong (pronuncia-se Lian Kun), uma ginástica com movimentos marciais, no posto de saúde da Vila Castelo Branco, onde conheceu um enfermeiro que comentou que ele poderia participar do Gira Vida, uma atividade feita em roda em que os participantes contam histórias, piadas, fazem brincadeiras, exercícios para mente, dentre outras coisas. Foí a partir daí que o marceneiro conheceu e entrou no meio dos grupos da Vila, e fora dela.

Hoje ele tem a agenda lotada de atividades. Seu Jesus, como é conhecido, participa de grupos praticamente todos os dias da semana, ás vezes até há mais de uma atividade no mesmo horário, deixando ele na dúvida da qual participar. Além do Gira Vida, que acontece toda terça, Seu Jesus também faz ginástica no salão da Igreja de Guadalupe segunda e sexta. Quinta- feira ele faz aula de dança com um professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas na Igreja e aula de computação na Casa de Cultura Tainã. Lá, às sextas- feiras, ele participa do relaxamento e depois do Grupo Vocal, onde aprende música e seus grandes nomes. Sábado Seu Jesus faz um curso de Engenharia Civil na PUC com mais quatro companheiros da Vila Castelo Branco que pegam carona com ele para chegar até a universidade. Seu Jesus já participou de diversas outras oficinas ao longo destes 4 anos desde que parou de trabalhar, inclusive já fez um curso de culinária no Progen e gostou tanto que fez novamente. Agora, Seu Jesus ainda está dando uma de repórter do jornal Conexão Jovem, participando das oficinas de jornalismo toda quarta no Progen.

Mesmo com a correria Seu Jesus tem tempo para a esposa, Maria Antônia, com quem é casado há 25 anos. Eles moram nos fundos de uma casa em cuja frente vive uma irmã e um irmão de Seu Jesus, ambos solteiros. As outras duas irmãs são casadas e moram em Hortolândia. Seu Jesus não têm filhos, pois, de acordo com ele, casou tarde, com 39 anos, e sua esposa ficou com medo de dar a luz, mas ele não vê isso como um problema.

Muito ocupado, Seu Jesus não só participa das oficinas, como também dos bailes organizados pelo Gira Vida no salão da Igreja uma vez por me, onde se esbalda de tanto dançar. Segundo ele o pessoal do grupo tem uma convivência muito boa mesmo fora das oficinas. Nos momentos livres eles pegam uma lista enorme onde tem os telefones de todos do grupo e combinam de fazer algum passeio ou apenas gastam o verbo, colocando a conversa em dia. Em suas palavras “Trabalhar não dá mesmo, então vou ficar em casa vendo televisão?”.

Seu Jesus não vê muitos programas na TV. Ele gosta de ver o quadro de dança no Faustão e às vezes vê filmes na sessão da tarde. Para se informar, ele assiste o Jornal Nacional e de vez em quando compra jornal nas bancas. Ele diz que depois que começou a participar das atividades em grupo tomou gosto pela leitura e escrita, frequentemente ele até faz alguns versos. Seu Jesus prefere ler revistas a livros e sempre quando encontra alguma frase que considera boa, importante anota e passa para frente. Ele diz que adora a folhinha do Sagrado Coração de Jesus e a revista Metrópole, a qual vêm com o Correio Popular aos domingos. Ele conta que já deu várias revistas para as pessoas, pois quando esta lendo sobre um assunto importante, lembra de um amigo e vê que a matéria serve para ele.

Seu gênero predileto de filmes é ação. Antes ele costumava ir muito ao cinema e ver fitas de vídeo, porém hoje prefere gastar o tempo aproveitando ao máximo todas as atividades de que participa. Aliás, Seu Jesus faz questão de afirmar que é muito mais feliz agora, com tudo o que faz, do que já foi em sua vida inteira. E é sobre como sua vida melhorou após a convivência com os grupos da Vila Castelo Branco que ele conta na entrevista a seguir.

As atividades têm ajudado bastante o senhor depois da cirurgia?

Seu Jesus:
Ah, ajudou demais. Minha esposa que fala “como você mudou!”. Acho que eu mudei pra melhor né. Eu não sabia que a melhor coisa que existe é a gente fazer as coisas sempre em grupos. Porque você faz amizades, você conhece pessoas, cada dia que passa você tá conhecendo mais pessoas. Além disso, é bom participar porquê a gente ganha noção das coisas. Antigamente eu tinha até vergonha de falar em público. Agora é diferente. Na PUC, por exemplo, quando eu quero contar uma historia o professor de Engenharia pede para eu ir na frente falar pra turma de alunos, daí eu começo a falar. Quanto mais gente tiver, melhor. Falar e é bom demais.


De onde surgiu essa desenvoltura?

SJ: Isso partiu de eu participar de atividades em grupo. Porque a gente começa a pegar amizades, e quanto mais amizades, melhor pra mim. É aquele leque que vai aumentando cada vez mais. Aonde eu vou eu conheço pessoas. É bom demais. Eu sempre encontro pessoas que me conhecem, às vezes eu nem lembro da pessoa(Risos)!Engrandece a gente isso!
Eu gosto de contar histórias onde vou e passar muita mensagem, lição de vida, exemplos, sabe. Então as pessoas pedem pra eu falar. Quando eu estou quieto no lugar as pessoas perguntam o que esta acontecendo comigo! Pronto, aí já me dá corda!

O Senhor chegou a voltar à sua cidade? Não sente falta dos velhos tempos?

SJ:
Não. Nunca tive vontade. A gente relembra aquele tempo e tal. Mas eu acho que agora eu estou sendo mais feliz e me divertindo muito mais do que quando era mais novo, eu me sinto assim. Antes era só trabalhar e mais nada. Agora não, nós temos passeios, a gente vai pra outros lugares com os grupos. Já fomos pra Holambra com o Progen e com o grupo da Praça dos Trabalhadores também, com três ônibus! É bastante gente, daí é bom que a gente sempre tá se cruzando com o pessoal das oficinas, que é tudo da região. Com a turma da ginástica nós também já fomos. Em plena segunda feira a gente foi fazer um piquenique na Lagoa do Taquaral uma vez. Até brincamos de gangorra lá. Viramos menino de novo, é bom demais!


Confira trechos da entrevista abaixo



domingo, 13 de dezembro de 2009

Flag Football começa a virar febre em São Paulo

Por Romeu Caldeira

Equipe do Indaiatuba Destruction Flames

Os esportes norte-americanos sempre tiveram influência no cenário esportivo mundial. No Brasil, não é diferente. Dentre estes esportes destaca-se o futebol americano, que ganha cada vez mais novos adeptos no país do futebol da bola redonda. Só no estado de São Paulo estima-se que haja cerca de 4.000 praticantes, sendo 2.500 somente na capital. Porém sua prática ainda não possui um incentivo expressivo, basicamente pelo fato do esporte exigir equipamentos de proteção que possuem um alto custo, tornando a pratica do esporte para a maioria, inviável.

Nos EUA, este fato, mesmo em menor escala, também se tornou um problema para os adeptos do esporte, foi pensando nisso que foi criado o Flag Football (futebol de bandeira), que se caracteriza pelo não uso de equipamentos de proteção e por não exigir contato físico, evitando lesões.

Time comemora ponto
Nessa modalidade, em vez dos empurrões e trombadas que são freqüentes no futebol americano para parar o progresso dos atacantes, os jogadores de defesa puxam uma espécie de bandeira que fica presa no calção dos jogadores, para assim interromper a jogada. Assim, os praticantes não necessitam usar equipamentos de proteção, o que torna sua prática mais barata do que o futebol americano convencional.
A prática do Flag Football vem tendo um constante crescimento no país, principalmente no estado de São Paulo, onde já existe uma liga (LPFA), que organiza anualmente um campeonato com 20 times, divididos em duas conferências (Conferência Paulista e Conferência Estadual) com 10 times cada.


Jogador parte para a corrida

O esporte ainda é amador no Brasil, e é mais visto como um hobby por seus praticantes. Em Indaiatuba recentemente foi criado um time de Flag Football formado por um grupo de amigos que conversavam pela internet. Hoje, o time denominado Indaiatuba Destruction Flames possui um grupo com 38 jogadores e tem o objetivo de entrar para o campeonato estadual, como relata o jogador e co-fundador do time Felipe Von Zuben, “o time é recém formado, não temos nem um ano ainda, mas temos grandes ambições, como entrar para a liga”. Perguntado sobre o porquê de ter a idéia de formar um time de Flag Football, Felipe não exitou, “tenho enorme paixão pelo futebol americano, sempre tive vontade de praticar, mas não há apoio ao esporte aqui. Então pensei... se não existe um time, porque eu mesmo não crio um com meus amigos?”.

O crescimento do esporte no estado de São Paulo chamou a atenção de clubes de futebol da capital paulista como, Corinthians, Palmeiras e Portuguesa, que possuem seus representantes na LigaFlag e disponibilizam locais para treinamento e uniformes, assim como a marca do time.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Com livros, fonoaudióloga ajuda deficientes na inclusão à sociedade.

Por Márcio de Campos

Há muitas razões para se dizer que a natureza é sábia. Uma delas, e talvez a principal, é a diversidade de formas de vida que encontramos no mundo. Assim como as várias espécies de flores ou de animais é possível observar características tão diferentes também nos seres humanos. Os traços étnicos ou biológicos identificam visualmente o quanto cada pessoa é única e especial. Por isso, é muito natural conviver com pessoas diferentes - incluindo aquelas que possuem algum tipo de deficiência.

Para ajudar na vivência dessas pessoas, Cláudia Cotes que é formada em Letras e Fonoaudiologia pela PUC de Campinas, escreveu dez livros com o objetivo da inclusão da pessoa com deficiência. Seu primeiro livro infantil foi escrito em 1996, em 2004 ela lançou um CD com livros em Braille e com Libras. “Desse produto saiu um projeto de ação social, depois uma ONG chamada A Vez da Voz e eu nunca mais parei”, afirma Cláudia que criou o primeiro telejornal inclusivo da Internet e da TV brasileira. “Faço isso para provar ao Brasil que todos somos capazes de transmitir informação com qualidade, mas que acima de tudo, somos seres humanos”.

Cláudia Cotes é a idealizadora da ONG A Vez da Voz



Ao entrar no universo das pessoas cegas, surdas, com AIDS, com câncer ela percebeu que estas pessoas não existiam no mundo da literatura. Foi aí que ela resolveu escrever com leveza e ludicidade e entrar em temas que mexem com o preconceito humano.

Com texto e ilustrações poéticas, seus livros têm como objetivo sensibilizar as crianças sobre as diferenças visando à educação inclusiva. “Ao derrubar as barreiras imaginárias que construímos sobre o tema, isso nos faz perceber que o mundo pode ser muito mais humano se reconhecermos que há gente que brinca, vê, escuta e anda “diferente”. Surdos, cegos, deficientes físicos ou não, todos somos “especiais”, diz a professora e fonoaudióloga.

Livro escrito em homenagem à paciente do instituto Boldrini



Em Campinas, o Centro Cultural Louis Braille, que é uma organização não governamental, tem a missão de favorecer a inclusão social e o exercício da cidadania das pessoas com deficiência visual. O objetivo desse trabalho é prestar serviço nas áreas educacionais, habilitação - reabilitação e inserção no mercado de trabalho. O Centro conta com uma equipe interdisciplinar constituída por diversos profissionais como: pedagogos, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, técnicos em orientação e mobilidade, professor de educação física, e ainda com um corpo de voluntários que exercem atividades técnicas e de apoio para assim atender pessoas com cegueira e baixa visão, com idade a partir de 12 anos, hoje o CCLBC atende atualmente um grupo de 120 alunos.

Centro Louis Braille atende pessoas com deficiência visual desde 1969


Desde 2005, CCLBC em parceria com o Ministério da Cultura no Programa Cultura Viva, tem um projeto voltado para a difusão e o acesso da sétima arte entre deficientes visuais. O projeto que leva cinema, filosofia e inclusão digital é a primeira experiência brasileira diretamente ligada a um programa de governo.

O projeto tem o nome de Ponto de Cultura Cinema em Palavras e é realizado todas as terças – feiras, das 13h30 às 16h. “A platéia é composta por pessoas que não enxergam, os filmes são dublados e narrados em detalhes para os ouvintes e ainda assim, costumamos a descrever os cenários, as expressões dos atores, tudo enquanto o filme roda”, explicou a coordenadora do projeto Bell Machado.

Embora dedicados a pessoas que não enxergam, os filmes estão abertos a todos aqueles que desejarem compartilhar esta experiência com os alunos do Ponto de Cultura.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Segregação Galáctica?!


por Bruno Corrêa


Imagem divulgação do filme "Distrito 9"


Distrito 9 é um filme de ficção, com direito a alienigenas e armas super-potentes, mas, se você pensa que por estes fatores o filme é mais uma super-produção hollywoodiana, você está enganado. Trata-se de um filme original, uma ficção em formato de documentário, que trás consigo críticas sociais com relação à segregação dos menos afortunados, e também a retratação do ser humano conforme sua avidez pelo lucro a todo custo.

O cenário do filme é a Africa do Sul, onde vinte e oito anos atrás do tempo do filme, uma nave espacial chega à Terra e mantêm-se flutuando sobre a cidade de Joanesburgo. Enquanto os humanos esperavam uma guerra ou avanços tecnológicos, eles encontram uma horda de seres, que no filme são retratados como semelhantes a camarões, em condições deploráveis.


"Camarões" revirando lixão no Distrito 9


De inicio, as nações do globo fornecem alimentos e ajuda a tais seres interplanetários, porém, com o passar do tempo, eles são deixados de lado, restringidos a permanecer no local estipulado pelos humanos em condições precarias e sem direito a retornarem à sua nave, submetendo-os a buscas de coisas úteis nos lixões e a uma gangue contrabandista que enxerga neles um meio de arrecadação de lucro em troca de ração de gato, a qual parece ter um efeito viciante nos "camarões". Não obstante, a organização internacional responsáveis por eles, a MNU, procura de toda forma uma maneira de conseguir utilizar as armas alienígenas, as quais necessitam de reconhecimento do DNA extra-terrestre pra que funcionem, tornando todas as investidas da organização infrutíferas.

Porém, no desenrolar da trama acontece um imprevisto, o personagem principal e agente da MNU, Wikus van der Merwe (Sharlto Copley), contrai um vírus alienígena enquanto comanda uma operação de despejo e realocação dos aliens, passando assim a transmutar-se em um deles e se tornar caçado por sua propria organização para estudos de fins bélicos.

Wikus van der Merwe (Sharlto Copley) sendo contingido por agentes de MNU



Pois bem, como citado no início, trata-se de um filme de crítica social. A escolha do cenário não é desproposital, algo bastante presente no filme são os cartazes denotando a proibição da estadia dos alienígenas em diversos locais, o que nos remete ao regime do Apartheid, ocorrido no mesmo local tempos atrás, quando o mesmo acontecia com relação aos negros. A crítica não se restringe a apenas isso como também a diversos outros fatos históricos, por exemplo quanto à realocação destes seres, as quais podem nos lembrar a expulsão e realocação das pessoas da antiga Iuguslávia, ou ainda à transição territorial dos judeus poloneses para os guetos na 2a Guerra Mundial.

Outra crítica encontrada no filme, é quanto a falta de preocupação dos governos com relação aos menos afortunados. Percebe-se isso quando os extra-terrestres são tratados de maneira violenta pelos agentes da MNU, algo que ocorre diariamente em favelas brasileiras, por exemplo, entre policiais e moradores, e quando são demonstradas as condições precárias em que tais sujeitos são obrigados a viver, algo também muito visível em nosso país com a população de classe baixa, basta assistir ao documetário "Ilha das Flores" para compreender.



"camarão" observando soldados da MNU através da janela de um camburão


O filme ainda vai além, e critica o modo "capitalista selvagem" do ser humano moderno, o qual, frio e calculista, tenta de qualquer maneira a obtenção de lucro monetário sem levar em conta a moralidade dos meios necessários para atingir o seu objetivo, como vemos no filme a forma de tratamento da MNU com relação ao personagem principal quando este está em fase de transmutação genética. Vale lembrar que ele não é apenas um agente desta mesma organização como também é genro do encarregado pelo comando desta. Outro exemplo são as transições injustas de dinheiro e tecnologia por ração de gato, que podemos caracterizar da mesma maneira se associarmos tal ação com o tráfico de drogas.

Pode-se dizer que o filme é um pseudo-documentário, que trás consigo diversas críticas à sociedade contemporânea. Para quem gosta de uma boa crítica, este filme é altamente recomendado.


Assista o trailer do filme "Distrito 9" - http://www.youtube.com/watch?v=lw4z6LLgcU0

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

2012- O Fim do Mundo



Poster do Filme 2012 na versão brasileira - o Cristo Redentor sendo destruido pela natureza


Por Caio Falcão


“2012”, o filme mais esperado e anunciado de 2009 chega as telonas prometendo muito e decepcionando, mais um blockbuster para encalhar nas prateleiras das lojas.O erro se deve a um filme sem roteiro, com uma história fraca e cheia de clichês, alem do patriotismo americano e o amor revigorado entre famílias destruídas, o que destrói a temática sobre qual o filme foi construído ,que tinha tudo para transformá-lo em um grande sucesso dos cinemas.
O filme baseasse no apocalipse previsto pela civilização Maia, que ocorreria em 21 de Dezembro de 2012, causado por um raro Fenômeno cósmico, o alinhamento dos planetas e do Sol que ocasionaria a inversão dos pólos da Terra desencadeando uma série de efeitos climáticos e catastróficos em nosso planeta. (teorias sobre 2012)


O filme começa em 2008, com uma descoberta feita por pesquisadores de um superaquecimento no centro da Terra, o que leva o presidente dos Estados Unidos a convocar uma reunião com os principais governantes do mundo para tomar as devidas providencias. Quatro anos mais tarde a história se divide em duas, uma se passa com os governantes e suas preocupações e outra com uma família de classe média estadunidense.
O separado pai de família Jackson Curtis (John Cusack) vê sua vida tomar um rumo diferente do esperado,vê seus casal de filhos criados pela ex-mulher Kate Curtis (Amanda Peet) e pelo seu atual marido, Gordon Silberman (Thomas McCarthy). Curtis é escritor e dirige uma limusine para um poderoso magnata russo, e não enxerga perspectivas de mudança de vida. Um dia ao buscar seus filhos para passar um final de semana juntos, o escritor começa a perceber que há algo errado com o mundo.

John Cusack faz o papel de Jackson Curtis, um pai que tenta salvar sua familia da destruição a todo custo


Simultaneamente a história do escritor, um cientista chamado Adrian Helmsley (Chiwetel Ejiofor) e seu amigo Carl Anheuser (Oliver Platt) tentam alertar o governo estadunidense sobre o perigo iminente do fim do mundo. Com poucas perspectivas de salvar a população, o presidente dos Estados Unidos, novamente reunido com os principais lideres mundiais, decide botar em pratica o seu plano para salvar algumas pessoas no mundo.


primeira cena de destruição do filme, Curtis e sua familia tentam escapar da destruição de Los Angeles

A partir desse momento começa a destruição mundial, um ponto positivo para os efeitos visuais, cenas que tiram o fôlego de quem assiste tudo na telona. Curtis pega os filhos, a ex-mulher e o marido dela e começa a fugir da destruição. Cenas de destruição do mundo inteiro são mostradas, como o Rio de Janeiro, Vaticano, Paris, etc. Porém o foco principal é o Estados Unidos. Depois de escapar da cidade de Los Angeles, a família Curtis corre para a área de vulcões em atividade, procurando um radialista maluco que teria feito mapas que mostravam onde estariam os veículos de salvação da espécie humana. A corrida contra a destruição recomeça, e a família decide ir até Las Vegas onde poderá tomar um avião que os leve diretamente a China, de onde os barcos equipados para a sobrevivência da humanidade irão sair.Ao chegar no aeroporto, parcialmente destruído, Curtis encontra o seu chefe, o magnata russo, que comprou passagens para embarcar no superbarco, e o ajuda a pilotar um grande avião para a China. O avião não agüenta a viagem e cai em um local totalmente congelado,onde membros do governo chinês estão vasculhando a área afim de encontrar pessoas que tivessem o tal ticket para embarcar no veiculo de salvação. O magnata russo engana a todos e deixa a família de Curtis e sua namorada para morrer no deserto gelado.

O orçamento de 2012 foi de US$ 260 milhões. O filme brigará pelo oscar de efeitos visuais, mas não passa nem perto das premiações de roteiro e atores.


Curtis e sua família é claro conseguem chegar de maneira inexplicável (são resgatados por chineses que tentariam entrar clandestinamente no navio) no local onde os navios estão, e conseguem entrar clandestinamente no veiculo. Porém, ao entrar no navio, os clandestinos travam a porta que selaria o interior do navio e o protegeria. A partir daí a inundação do mundo começa e a corrida para tentar fechar a porta também. No final, após arriscar sua vida, Curtis consegue salvar o navio, porém não consegue salvar o marido de sua ex, que morreu na tentativa de salvar a todos.A nova perspectiva de vida começa então para os tripulantes do navio, que se dirigem a África, área que não foi afetada pelo apocalipse.





Curtis corre para escapar de um vulcão em erupção. Faz inveja a qualquer 007

O filme é marcado por um roteiro sem pé nem cabeça, que se perde em explicações e apresenta falha na tentativa de explicação de fatos. Os clichês vêem aos montes e fazem quem assiste perguntar “eu já não vi isso em algum outro lugar em outro filme?”, como por exemplo, o descaso do filho mais velho com o pai, o arrependimento no final do filme, a reconquista da família destruída ( marido e ex-mulher acabam juntos, pra variar), a capacidade do protagonista de escapar das situações mais criticas, o patriotismo exacerbado dos norte-americanos e a perspectiva de que saberemos que no final tudo acabara bem para o protagonista do filme.

"2012" apela para efeitos visuais para segurar a trama.
Outro ponto a se destacar é que o protagonista, Jackson Curtis (John Cusack), não faz feio se o compararmos a Jack Bauer de 24 horas ou a John McClane de Duro de Matar heróis de seriados e filmes de ação norte-americanos, o pai de família dirige carros em alta velocidade, dirige aviões, escapa de vulcões em erupção, enchentes, terremotos e outras catástrofes feias apresentadas na telona.O filme, que deveria ter um contexto mais filosófico e discutir as previsões feitas pelos Maias, traz uma história maluca de uma família que supera todas as dificuldades e acaba junto no final, em meio ao caos mundial. Não é de se estranhar que o diretor Roland Emmerich,( O Dia Depois de Amanhã -2004 e Indepedence Day-1996) tenha baseado nas suas obras antigas para a realização desse novo blockbuster, e que esteja enterrando literalmente a sua perspectiva de fazer novos filmes bons.
Assista o trailer do filme 2012 - http://www.youtube.com/watch?v=l5eyug663sk

Cultura em roda

Por Mariana Bottan

Para quem vê de longe e desconhece, é nítido o estranhamento desconfiado. Um grupo bastante variado de pessoas, ao redor de uma mandala ao centro, dança e canta unido pelas mãos e pelos passos seqüenciados de uma coreografia. Um momento de reflexão, ao mesmo tempo íntima e coletiva, precede o movimento alegre e cooperativo da dança em roda.
É assim, repleto de simbologias, que se dão os encontros das Danças Circulares Sagradas, tipo de prática, trazida da Europa ao Brasil na década de 90, que alia o desenvolvimento do bem-estar físico e espiritual ao resgate cultural das tradições de diversos povos ao redor do mundo. Em Campinas, o grupo de Danças Circulares (que é aberto ao público) se encontra semanalmente no ponto de Cultura do Sinpro (Sindicato dos professores de Campinas e região) e todo último domingo do mês no Parque Ecológico do município.
De acordo com Mairany Gabriel, especialista em arte-terapia e coordenadora do grupo, a proposta das simples coreografias das Danças Circulares é, por meio do trabalho com a simbologia e com a percepção que cada integrante da roda assume diante dela, despertar valores comunitários sob a forma de conhecimento das diferentes tradições culturais. “É com essa coreografia repleta de símbolos, que vão desde o conceito original de dança em roda às letras das músicas conectadas aos passos, que se busca despertar nas pessoas que praticam a percepção de construção coletiva e de desenvolvimento da espiritualidade”, explica a professora do grupo.

A simbologia do movimento também relacionada aos ciclos da natureza e à percepção do sagrado antropológico (ou seja, aquele que é fruto da percepção espiritual do indivíduo e, portanto, diferente do sagrado teológico de uma religião) é, sobretudo, o que diferencia as Danças Circulares Sagradas das danças de roda tipicamente folclóricas. “Muitas vezes, a palavra sagrado acaba por relacionar, erroneamente, o objetivo da dança à prática de uma religião específica, conta Mairany. Segundo ela, essa idéia comum é um dos motivos que dificulta atribuir às Danças Circulares Sagradas o status de prática cultural. “No Brasil, o que é entendido como cultura popular costuma remeter-se ao folclore e ao “oba-oba” puro e simples. Por essa razão, é muito difícil conseguir o reconhecimento de manifestação cultural uma dança que traz atrelada a concepção de sagrado”, ressalta Mairany.



Mesmo sendo uma prática cultural pouco conhecida (ou reconhecida), no final de 2008 o projeto “Danças Circulares – Um Resgate Cultural” de Mairany Gabriel recebeu o prêmio ‘Interações Estéticas: Residências Artísticas em Pontos de Cultura’ da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Para Mairany, ao participar das danças de diferentes etnias, pode-se conhecer e reviver o sentimento do povo ao qual pertencem. “É uma forma de afirmar a identidade de um povo, de difundir sua cultura de forma pacífica e solidária”, explica.
Mais que um resgate cultural ou forma de expressão corporal, para Carlos Perches, professor e participante de grupos de Danças Circulares há mais de dez anos, a prática possibilita uma convivência saudável com todos os tipos de pessoas. “A roda é um espaço democrático, onde, apesar de participar gente de todas as idades, raças e gênero, todos são iguais. Além disso, representa a possibilidade de fazer novas amizades, reencontrar pessoas e de sair da loucura e correria do mundo pragmático do trabalho”, relata Perches. E completa: “é a possibilidade de retorno ao simples e de busca por um sentido àquilo que se faz na vida”.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Pesquisa mostra aumento de empregos em 2010

Por Caio Falcão

Uma pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que o índice de empregos no Brasil em 2010 tende a aumentar. Seguindo o fluxo de informações, o CEA (Centro de Economia e Administração) fez uma pesquisa relacionada a cidade de Campinas, onde constatou tamb ém que os empregos irão aumentar nos próximos anos, porém o salário do trabalhador esta cada vez menor.
Segundo a economista Eliane Rosandiski, professora da PUC Campinas, o crescimento da taxa de empregos se deve basicamente a queda brusca ocorrida no ano passado, com o inicio da crise financeira “Um cenário otimista vem aparecendo e os empresários voltaram a produzir e contratar”.

A professora acredita que a economia do país só vai melhorar se as empresas obtiverem um apoio financeiro, que devem acontecer com a retomada da linha de produção pós-crise. “O importante é que as taxas de investimento produtivo retornem. Antes da crise várias empresas estavam fazendo planos de expansão da planta produtiva. Agora é fundamental que depois de (re)asseguradas as condições de consumo os projetos de novos investimentos se concretizem para que possamos, de fato, adentrar um circulo virtuoso de crescimento”.

A região de Campinas é conhecida como um pólo industrial, onde a diversidade produtiva é boa. Eliana acredita que por causa das indústrias, as atividades comerciais e de serviços tendem a crescer. “A região de Campinas passou bem pela crise mundial justamente por ser uma região rica, a demanda produzida aqui fez os efeitos da crise diminuírem”, ressalta.

Porém, nem tudo é só otimismo. Como a própria pesquisa mostra, o salário do trabalhador que ingressa o mercado de trabalho hoje em dia tende a ser menor do que era há alguns anos atrás. Eliane acredita que este foi o ponto negativo do ajuste de custos ocorridos durante a crise. “Diante de um cenário de incertezas, vantagens de custos, foram buscadas via rotatividade para rebaixamento dos custos salários”, diz e completa que “a esperança é que cessada essa fase a própria recuperação econômica ocorra em meio à revalorização do salário. Normalmente em momentos de crise, busca-se proteger o emprego, só na recuperação os salários podem ser valorizados.”