Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Produção de vídeo inclusivo traz expectativa de interação nas salas de aula


Por Mariana Bottan


Como mostrar o som àqueles que vivem no universo do silêncio? Foi em busca desta resposta que a jornalista Julyana Troya, em parceria com a ONG Vez da Voz de Campinas, trabalhou para desenvolver um vídeo pedagógico destinado à educação inclusiva de crianças com deficiência auditiva. O objetivo do projeto, pioneiro no Brasil, é o de servir como instrumento de interação entre crianças com e sem deficiência auditiva para ser utilizado por professores de educação especial nas salas de aula.
“O som do silêncio” por ser de caráter experimental ainda não foi disponibilizado para os alunos. Uma equipe de pedagogia especial da Unicamp verifica o conteúdo pedagógico a fim de mensurar as respostas a esse tipo de vídeo. Julyana Troya, responsável pelo roteiro do vídeo, lembra que não existe nenhum material pedagógico nos moldes como o vídeo foi produzido, especializado para a comunidade surda. “Desenvolvemos um formato específico em que o intérprete de libras está em primeiro plano e é intercalado com ilustrações que compõem a narrativa. Nós tivemos que aprender com os próprios erros porque não havia nenhum modelo que pudesse ser seguido”, explica.
A principal dificuldade na criação deste trabalho foi desenvolver um formato especial adequado às crianças surdas e que pudesse, ao mesmo tempo, ser compreendido por crianças sem deficiência auditiva. “O objetivo principal era fazer um vídeo efetivamente inclusivo, que gerasse interação”, relata a jornalista. A solução adotada foi disponibilizar no menu do DVD uma opção com áudio e legenda e outra com intérprete de Libras..

Educação Especial no Brasil

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 1,5% da população brasileira (2,25 milhões) com deficiência auditiva. De acordo com o estudo da Secretaria de Educação Especial, em 2007 o Brasil atendia a cerca de 700 mil pessoas com surdez nos diversos níveis e modalidades de ensino, distribuídas entre escolas especiais para surdos, escolas de ensino regular e ONG's.
De acordo com Marina Almeida, psicóloga que atua como consultora em Educação Inclusiva há 23 anos, a falta de materiais para alunos com necessidades educacionais especiais não é o único problema. “A principal questão é técnica, ou seja, é o educador que não sabe identificar as necessidades de aprendizado individuais e de cada grupo específico de deficiência. O professor tem que saber como adaptar a forma de ensino à maneira que cada um constrói o conhecimento”, explica Marina Almeida.
Marina Almeida fundou em 2006 o Instituto Inclusão Brasil e aponta o preconceito como o principal entrave para uma política educacional efetivamente inclusiva. “As pessoas têm que começar a mudar o modo de olhar o outro”, frisa. Em sua opinião, é necessário que o educador aprenda com o aluno inserido em seu mundo “e não encará-lo como uma tábula rasa”. Para ela, nas salas de aula devem haver uma relação de mão-dupla entre professor e aluno. “Temos que romper com certos estigmas e saber reconhecer a competência de cada um e não o déficit”, finaliza Marina.

Um comentário:

Ana Lúcia Vasconcelos disse...

Julyana como vai? preciso urgente de fotos tuas e da Taciana para o livro que estou escrevendo sobre a Hilda Hilst..Cito o video que voces fizeram e voces naturalmente..meu email
analuvasconcelos@globo.com