Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cidades do interior “importam” poluição da grande São Paulo

Eduarda Giacomello


Segundo os estudos do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG - USP) cerca de 38 cidades, incluindo Campinas, Sorocaba, Piracicaba e Ribeirão Preto, recebem até 30% da poluição da capital do estado – os números variam de acordo com a época do ano, sendo maiores durante o inverno. A abrangência do fenômeno depende da velocidade dos ventos, ou seja, quanto mais fortes, cidades mais distantes são atingidas.
A pesquisa, atualmente coordenada pelo professor Edmilson Dias de Freitas, traça o primeiro perfil do clima e da poluição atmosférica na região metropolitana de São Paulo. Locais tidos como refúgios verdes, como o Pico do Jaraguá ou a Serra da Cantareira, podem chegar a apresentar tantos poluentes quanto nas áreas densamente povoadas. Isso porque, por serem locais altos, retém o ar que vem da cidade.
Além disso, essas altas concentrações são responsáveis pelo aumento de casos de doenças cardiovasculares, de doenças congênitas e agravamento no quadro de doenças respiratórios. Mas a região metropolitana de São Paulo não entra nessa história unicamente como vilã. Da mesma forma como exporta sua poluição, ela também importa. “Os poluentes produzidos na região chegam a 70% a 80% dos que estão presentes no ar. O resto vem do interior e até de outros estados”, expõe Dias de Freitas.
Já o professor de engenharia química da USP, Fernando Serenotti, completa: “em meses como outubro e novembro, chega a 10% a quantidade de poluentes provenientes de queimadas em regiões interioranas produtoras de cana-de-açúcar, como Piracicaba”.
O mais preocupante é o caso do ozônio. Há lugares onde a concentração de O3 perto do solo chega a superar a da capital. “Há menos ozônio no centro da capital ou no aeroporto de Congonhas, do que nas cidades ao redor, porque os próprios poluentes dessas áreas — sobretudo óxidos de nitrogênio — o consomem”, explica Edimilson.
Levados pelas massas de ar, os poluentes emitidos pelos carros, indústrias e queimadas — formadores do gás — saem de São Paulo e participam de reações promovidas pela luz solar, que demoram de duas a três horas para se completar, tempo suficiente para que cheguem a municípios vizinhos ou estacionem nas encostas das serras. “A concentração do nível de ozônio nas cidades de Paulínia e Americana, por exemplo, já supera o índice máximo tolerável estabelecido por resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)”, alerta Fernando Serenotti.

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