Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Carta e sua essência. Internet e sua ausência


Por Nádia Macedo

No ar, o cheiro do papel. No olhar, uma letra única e especial. A cada linha lida uma novidade, uma história, ou mesmo, saudade. O ato de receber uma carta trás à tona uma sensação inigualável. Essa é uma das razões pela qual Mariana Peron, revisora do Jornal de Piracicaba, ainda escreve cartas endereçadas aos amigos. “Para mim não tem nada mais gostoso do que receber uma carta pelo correio ou um cartão de algum amigo.”
A busca por uma comunicação mais pessoal e o gosto pela escrita fizeram com que Mariana se correspondesse por 12 anos com uma amiga, com as cartas. “É muito mais interessante a comunicação por intermédio das cartas, pois nela esta inserida a letra da pessoa, e também é possível colar adesivos e fazer desenhos, é bem mais íntimo, ” frisa.
Apesar de ainda utilizar a carta para se comunicar, Mariana já aderiu alguns meios tecnológicos de comunicação em seu cotidiano e admite que estes facilitam a comunicação entre as pessoas. “Como todas as pessoas hoje são absurdamente ocupadas, é válido os e-mail, os recadinhos no orkut, twitter, porque é mais rápida a comunicação”. Porém, a revisora destaca que o contato por meio da tecnologia “acaba esfriando as relações humanas”.
Em uma palestra realizada em Campo Grande sobre as novas mídias, Marcelo Tas, apresentador do programa CQC, defende a idéia de que a internet não afasta as pessoas. “Tem muitos pais que dizem isso para mim: ‘ah, o meu filho fica isolado agora, trancado, não se comunica com ninguém’. Eu falo: querido, ele não está se comunicando com você, no entanto está se comunicando com 252 pessoas dentro daquele quarto”.
Segundo o sociólogo e professor da PUC-Campinas Pedro Rocha Lemos, a modernidade e os avanços tecnológicos provocaram mudanças estruturais na sociedade como um todo, e com a chegada da internet as mudanças foram ainda mais além. “Os jovens e principalmente as crianças perdem um pouco das referências culturais que são passadas dentro das famílias, e passam a receber mais informações que vem de fora através da internet,” frisa. Com um tom de preocupação o sociólogo conclui que “os jovens tem forte relação virtual e uma perda significativa das relações de proximidade afetiva, o que acaba prejudicando as relações humanas”. Lemos revela ainda que a velocidade com que as mudanças, decorrentes da tecnologia, apareceram, foi tão significa que a sociologia não tem condições, ainda, de avaliar quais são os impactos na sociabilidade.
Segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 21% da população brasileira -cerca de 32,1 milhões de cidadãos- de de 10 anos ou mais de idade acessaram pelo menos uma vez a internet em algum local no ano de 2005. Dentre essas pessoas que acessaram a internet a maior parte era de homens, cerca de 16,2 milhões de pessoas. Essa pesquisa constatou ainda que a utilização da internet estava mais concentrada nos grupos etários mais jovens. No grupo de 15 a 17 anos de idade, 33,9% das pessoas acessaram a internet, sendo este resultado maior que os das demais faixas etárias.

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