Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Bastardos, talvez. Inglórios, jamais


por Pedro Garcia

O roteiro começou a ser escrito há uma década. Muitos acreditavam que ele não seria filmado. O próprio Quentin Tarantino chegou a pensar em não filmá-lo. No entanto, o filme saiu e, como toda obra de Tarantino, é impecável.


Pôster de divulgação de Bastardos Inglórios


O longa começa quando o sádico coronel Hans Landa (interpretado pelo até então desconhecido Cristoph Waltz) é enviado por Hitler para dizimar uma família de judeus, escondida no interior da França dos anos de 1940, época em que ela estava ocupada pelos nazistas. A explosão de violência que se passa na cena inicial não deixa dúvidas; o filme é de Tarantino. O coronel Landa, assim como Bill de Kill Bill (2003/2004), é daqueles vilões típicos do diretor: possuem um carisma que até fazem o telespectador apreciá-lo no começo e, quando menos se espera, revelam-se mais desumanos que qualquer antagonista dos enlatados de Hollywood.


Cristoph Waltz é o Coronel Hans Landa


Shosanna (Melanie Laurent), a filha mais velha da família executada, consegue escapar para Paris e, ao mudar de identidade, se torna gerente de um cinema particular. Contudo, a segurança da moça passa a ser ameaçada quando Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, decide fazer a estréia de seu mais novo filme no estabelecimento administrado por ela.


Melaine Laurent é Shossana Dreyfus


Enquanto isso, o tenente Aldo Raine (Brad Pitt) está recrutando um grupo de judeus estadunidenses, que se autodenominam “Os Bastardos”, para ir à Europa com um único e simples objetivo: matar nazistas. Contratados pelos britânicos, os Bastardos recebem a missão de matar Hitler no evento cinematográfico, juntando assim várias linhas narrativas que culminam em um final surpreendente.


Brad Pitt é o Tenente Aldo Raine


No filme há uma total inversão de papel. A impressão que se tem é que são os nazistas que temem os judeus – por causa da violência com que os Bastardos os aniquilam – e não o contrário. Só isso já seria o suficiente para que a versão de Tarantino da Segunda Guerra fosse totalmente diferente daquela descrita nos livros e para que o seu longa fosse completamente alternativo àqueles que estamos acostumados a assistir. Se isso não bastasse ainda temos um Hitler hilário e britânicos conspirando de forma sarcástica para matá-lo.


Assista ao trailer de Bastardos Inglórios:
http://www.youtube.com/watch?v=gt7m1LDlOl8


Peculiar dos roteiros de Tarantino, como já é conhecido de Pulp Fuction (1994) e Cães de Aluguel (1992), também Bastardos Inglórios possui diálogos marcantes, daqueles que prendem a atenção do telespectador na tela e fazem com que ele passe, num piscar de olhos, de uma cena de comédia para uma cena de suspense. Mesclando humor e violência, o diretor faz com que não seja possível encaixar Bastardos em um único gênero cinematográfico.


O diretor e roteirista Quentin Tarantino

Do mesmo modo que Hans Landa, os outros personagens do filme possuem características muito peculiares e prometem ficar marcados na mente dos cinéfilos por um bom tempo. Dificilmente o telespectador se esquecerá do sotaque carregado e o jeito desleixado do Tenente Aldo Raine ou da delicadeza e da frieza de Shossana Dreyfus. Mesmo os personagens coadjuvantes estão excepcionais, como sádico Sargento Donny Donowitz (Eli Roth), com seu temido bastão de beisebol, e a conceituada atriz cinema Bridget von Hammersmark (Diane Kruger), essencial para a trama.

Incrível pensar que o diretor quase não escreveu o roteiro. E quando o fez, escreveu tanto – tinha história para 12 horas de duração –, que quase transformou o longa em uma mini-série. De acordo com a revista SET de Setembro, quem o convenceu a não fazê-lo foi o diretor francês Luc Besson. Quando Tarantino perguntou o motivo, ele disse: “Porque você é uma das únicas pessoas que me fazem ir ao cinema. Então, não queria ver você perder tanto tempo da sua vida em algo que posso assistir em casa”.

Nenhum comentário: