Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Oficina de sabão amplia reciclagem de óleo vegetal

Por Mariana Bottan

Com a ideia de firmar um projeto que aliasse promoção social à recuperação ambiental, a Prefeitura Municipal de Pedreira (SP) mantém, desde 2006, uma oficina de produção artesanal de sabão com base na arrecadação de óleo vegetal usado. O projeto tem por objetivo a melhora da qualidade de vida de mulheres em situação de vulnerabilidade social por meio da capacitação para um trabalho digno.
Todas as manhãs, de segunda à sexta, as oito participantes da oficina (que tem capacidade para atender dez mulheres) saem às ruas e passam de porta em porta das casas e dos comércios da cidade para vender o sabão produzido. A renda média obtida com a venda varia de R$500 a R$1300.
A terapeuta ocupacional e coordenadora do projeto, Denise Toledo, reforça que a proposta da oficina é garantir autonomia e uma melhora na auto-estima das mulheres atendidas e que a geração de renda é conseqüência e não foco do projeto. “A ação desenvolvida pela Secretaria de Promoção Social não é assistencialista. Eu costumo dizer que 60% dos resultados desse projeto depende exclusivamente da força de vontade e do trabalho de cada uma das participantes”, diz.
Segundo Denise, o trabalho da secretaria consiste em divulgar, fornecer palestras de conscientização da população e de garantir a conquista de parcerias no mercado para manter o trabalho desenvolvido nas oficinas de sabão. Além disso, uma vez por semana um grupo de orientação formado por psicólogos atende as participantes da oficina e auxilia quanto às técnicas de venda, postura e abordagem das pessoas.
Assim, somado ao incremento à renda familiar, essas mulheres ganharam auto-confiança e qualidade de vida. “Aqui eu aprendi tudo, até mesmo a conversar. Eu era mais tímida do que sou hoje e, por ter que sair de porta em porta para vender, aprendi a lidar com o povo e hoje não tenho vergonha, tenho amizade com todo mundo. Esse trabalho é um grande triunfo para mim”, conta com desenvoltura Eleninha Mendes, que participa há oito meses da oficina.

A maior de todas as parcerias do projeto é assegurada pelo apoio da população do município que, ao separar o óleo de cozinha usado para ser recolhido pela cooperativa, fornece a matéria prima que mantém o trabalho na oficina. A Prefeitura de Pedreira fornece toda a estrutura e os materiais necessários para o projeto e promove campanhas de conscientização com o objetivo de ampliar a participação popular na reciclagem do óleo vegetal. “No início, arrecadávamos cerca de 800 litros de óleo vegetal por mês. Hoje, o volume coletado chega a uma média de 5.500 litros e a cada mês estabelecemos uma meta maior para aumentar a arrecadação”, informa a coordenadora do projeto Denise Toledo.
De acordo com Cristina Bataglioli, bióloga e responsável pela manutenção do Zoo Bosque Municipal, 1litro de óleo vegetal tem a capacidade de poluir, em média, 14 anos da vida de uma pessoa. “Imagine então a dimensão da poluição se cada um dos 40 mil habitantes de Pedreira descartar 1litro de óleo no ambiente. Eu acho que esse projeto é mais do que ajudar essas mulheres: é mudar o modo de pensar de toda uma cidade. É um trabalho conjunto em que todas as partes saem ganhando”, acrescenta a bióloga.

Reciclagem do óleo vegetal em Campinas

Contribuir com o meio ambiente e com a geração de trabalho e renda por meio de projetos como o de Pedreira está ao alcance de qualquer cidadão. De acordo com José Custódio Ribeiro, responsável pelo setor de educação ambiental da Coordenadoria Setorial de Coleta Seletiva da Prefeitura Municipal de Campinas, o óleo vegetal deve ser armazenado em garrafas de plástico e separado com os outros materiais recicláveis do lixo doméstico, como o papelão e o alumínio, para ser recolhido pelo caminhão da coleta seletiva. “Caso o material não esteja sendo recolhido das vias públicas de maneira adequada é porque houve falha na operação e fugiu ao conhecimento da coordenadoria”, salienta José Custódio. Sua orientação é que a própria comunidade pode fiscalizar e, ao observar qualquer irregularidade na coleta seletiva, deve contatar o Departamento de Limpeza Urbana (DLU) da prefeitura.
Atualmente a coleta seletiva abrange 75% do município e a lista dos bairros que são atendidos pelo programa está disponível no site http://www.campinas.sp.gov.br/. “A população deve se interar acerca das atividades da prefeitura e atuar como agente multiplicador. Não adianta também a prefeitura mobilizar grandes caminhões para coletar o lixo reciclável, se a população não fizer a sua parte e não for orientada de como fazê-la adequadamente”, complementa José Custódio.

* Aprenda a fazer sabão a partir da reutilização do óleo de cozinha



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