Meio ambiente é o foco do blog produzido por alunos do 6º período de Jornalismo da PUC-Campinas, resultado da disciplina Jornalismo On Line.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Enchentes mostram despreparo das cidades para enfrentar chuva

Região de Campinas sofre com alagamentos e deve receber central de monitoramento climática

                                                                                                 Crédito: Marrozinho
                                                Mais de 4 mil ficaram desabrigados em Sumaré em janeiro



Marília Rastelli

A época de chuvas já chegou e com ela também a preocupação de quem mora em áreas que costumam ser atingidas por enchentes. O período mais crítico é de dezembro a fevereiro, segundo o Centro de Pesquisas Metereologicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura (Cepagri), e apesar dos recorrentes alagamentos nesse período, a região de Campinas ainda não tem um sistema preventivo, que possa antecipar situações de emergência causadas pela chuva.

No último fim de semana de outubro, fortes chuvas deixaram mais de 100 mil moradores da região sem energia elétrica por três dias e os estragos atingiram principalmente as cidades de Sumaré, Hortolândia, Paulínia, Campinas e Indaiatuba. Os ventos chegaram a 116 km/h, segundo o Cepagri, e derrubaram árvores, destelharam casas e interditaram uma escola no Jardim Amanda, em Hortolândia, deixando os alunos sem aula. Esse quadro já é velho conhecido dos moradores dessas regiões, que no começo do ano sofreram as conseqüências trazidas pelas chuvas. Mais de 4 mil famílias ficaram desabrigadas em Sumaré por conta da cheia do Ribeirão Quilombo e ao todo 20 municípios da região foram atingidos pelas enchentes em janeiro.

De acordo com o funcionário da Defesa Civil de Campinas, Edilei Leal, a região não aprendeu com a devastação causada pelos temporais no começo do ano. “Nós estamos acostumados com as cheias dos rios que cortam nossa região e que inundam as cidades em volta, mas não há nenhuma política para colocar em prática um sistema de monitoramento, para prever tragédias e não consertá-las depois que já aconteceram”, explica Leal.

Por conta das fortes chuvas que chegaram mais cedo, em outubro, a Defesa Civil resolveu antecipar a chamada Operação Verão, responsável por vistoriar 75 áreas de risco, fazer a limpeza de córregos e ribeirões e de 98 bocas de lobo. A operação, que vai até março do ano que vem, faz um papel preventivo, mas não suficiente para antecipar emergências e agir antes para prevenir calamidades. “A Defesa Civil acaba atuando como um tapa buracos, escalando cidades em estado de alerta e emergência a partir da situação atual delas, do que já está acontecendo e aí programa ações para amenizar os problemas, mas seria interessante se conseguíssemos trabalhar já tendo ideia da proporção da enchente, por isso a importância de uma estação de monitoramento”, afirma Leal.

Atualmente, existe uma central que atua em caráter experimental na região, mas ainda é necessário investimento para que ela tenha maior abrangência, já que está focada apenas em uma área pequena em Campinas. O Sistema de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, o Sismaden, funciona com informações de base de dados integradas em determinadas regiões, comparadas a mapas de áreas de risco, criando um sistema de alerta. Recentes projetos do Governo do Estado prevêem a instalação de um radar metereológico na região, que funcionará nos moldes do Sismaden, mas ainda sem data para ser colocado em prática. “A idéia é automatizar as estações metereológicas permitindo o monitoramento 24 horas por dia em todos os municípios integrados”, afirma o coordenador da Câmara Temática de Defesa Civil, Sidnei Furtado.

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